sexta-feira, 21 de agosto de 2009
Muito Soneto Por Nada
Então ele ficou encalhado lá em casa até eu resolver dar uma folheada e começar a ler soneto por soneto.
Aí aconteceu que eu finalmente consegui ler um livro de poemas inteirinho numa cajadada só.
São 50 sonetos para a musa Jose que tratam de flerte, conquista, amor, sexo e coca-cola.
Mas o interessante é que o autor, Reinaldo Santos Neves, é um romancista e se mostra poeta divertido e instigante.
Enfim, sempre gosto das coisas que o Reinaldo escreve.
terça-feira, 4 de agosto de 2009
Poesia nas ondas do rádio

No dia 5 de agosto (amanhã), estreia o programa Vice Verso, uma experimentação que pretende levar mais música e poesia para as ondas do rádio. O programa irá ao ar na Rádio Universitária 104.7 toda quarta-feira, às 20 horas, sob o comando do estudante de comunicação Ítalo Galiza e da estudante de letras Jamille Ghil.
Segundo Galiza, o programa veio da proposta de levar para o rádio a relação entre música e poesia de maneira performática e resignificadora. “Poesia foi feita para ser ouvida. E muitas pessoas apenas leem. Além do que, outros consideram poesia algo chato ou difícil de entender”, conta.
Jamille acredita que levar a poesia para o rádio é uma forma de popularizá-la. “Na verdade, a poesia está no nosso cotidiano, mas é tratada, muitas vezes, de forma elitizada e acessível apenas a quem pode comprar um livro”, explica a estudante.
Ítalo ainda conta que o Vice Verso não foi inspirado em nenhum outro programa e que se trata de um espaço de valorização de artistas do estado e do país. Inclusive, o programa de estreia contará com a participação de dois atores, Welerson Grassi e Priscilla Queiroz, que farão junto com os apresentadores uma leitura radiofônica de um trecho da peça “O rei da Vela”, de Oswald de Andrade, durante o programa.
O primeiro programa desta temporada será sobre a Tropicália. Segundo Jamille, o tema foi escolhido por ter sido esse um movimento cultural de experimentação, o qual reuniu música, poesia, teatro, artes plásticas, dentre outros. “A mistura de linguagens carácterística da Tropicália tem muito a ver com a proposta do Vice Verso”, explica.
A escolha dos temas do programa passa por várias etapas, que incluem pesquisa teórica e de áudio e a preocupação com o interesse público do assunto. Ítalo ainda afirma que cada programa segue uma linha diferente na hora de montar o roteiro,“nossa intenção não é fazer um programa didático, mas sim, mostrar a visão poética sobre determinado assunto”, conclui.
Para o diretor da Rádio Universitária, Leonardo Lopes, o Vice Verso é um programa de vanguarda que possibilita uma experiência inovadora não só para a Universitária, mas para o Rádio em geral.
O Vice e Verso começou como um quadro de meia hora que ia ao ar uma vez por mês dentro do programa Bandejão 104.7 e já abordou, por exemplo, o rap como manifestação poética e os textos do poeta Casé Lontra Marques.
E para ouvir: www.universitariafm.com.br
quarta-feira, 8 de julho de 2009
Tristessa

segunda-feira, 8 de junho de 2009
Da morte. Odes mínimas
Desafiador e instigante, o livro é composto de poemas bem trabalhados, aquarelas e dualidades. O título já sugere muito. Odes são canções, poemas longos, entusiasmados e de fôlego direcionados a alguém ou algo. Neste caso, as odes são mínimas e compõe um todo espetacular. Um livro monotemático que não se repete.
Há formas distintas de tratamento do tema: o medo, o erotismo, a curiosidade, a vontade, o desafio e o pedido. Mas a questão que intriga ao leitor é por que a autora se direciona justamente à morte?
Não se trata, no livro, de uma personagem bonita e atraente como no filme All that jazz, de Bob Fosse, em que a morte aparece vestida de branco e seduz o protagonista. Também não é a morte um jogador de xadrez aterrorizante e calculista, como no filme O Sétimo Selo, de Igmar Bergman. A morte, para Hilda Hilst, é este substantivo abstrato que parece tão concreto que caminha lado a lado com o eu-lírico. Mistura-se no corpo do leitor e pesa com muito pesar.
O eu-lírico, que parece ser mesmo Hilda, assume quase no fim que não compreende a morte, apenas tenta somar o corpo dela ao seu pensamento. Assim, a composição segue desafiadora. Abstrata, a morte não tem um corpo. Entretanto, a escritora verte a morte em coisa viva o texto todo.
Talvez quisesse concretizá-la, defini-la, por fim a ela e torná-la palpável para talvez aceitá-la como inevitável.
quarta-feira, 27 de maio de 2009
Campo de Ampliação

O livro já pode ser comprado pela internet, no site da Livraria Cultura, e estará à venda, em Vitória, a partir do dia 8 de junho, na Livraria Leitura.
Casé Lontra Marques foi um dos destaques do ano passado com a publicação de seu primeiro livro, Mares inacabados. Além de ter sido elogiado por críticos literários consagrados, como Bella Josef (professora da UFRJ), o livro recebeu Menção Honrosa no Concurso Cidade de Belo Horizonte 2007, categoria Poesia – Autor Estreante e esteve entre os indicados ao prêmio Omelete Marginal na categoria Literatura.
Como em Mares inacabados, o poeta prima pela intensidade nos três textos que compõem Campo de ampliação. Três poemas longos dotados de um fôlego belíssimo.
Segundo Casé, os primeiros versos do livro lançam uma proposta de escrita. Estilhaços temáticos na procura de um rosto multiplicado por uma profusão de prismas.
Para ele, a poesia faz parte do seu corpo. Talvez por isso versos tão densos e fluentes, como pulmões, ossos, infecções e nervos.
No prefácio, a escritora e professora da UFMG Maria Esther Maciel fala que o livro compõe-se de três poemas longos e porosos. E parece ser isso mesmo. Poemas tão palpáveis e incômodos quanto o suor que jorra dos poros e se mistura à pele do leitor.
Mais textos de Casé Lontra Marques.
segunda-feira, 18 de maio de 2009
Hilda, Hilda, onde está você?

Ultimamente entrei numas de tentar fazer crítica literária. Estou cursando uma disciplina no Departamento de Linguas e Letras e tudo o mais.
O primeiro trabalho entregue foi sobre Bandeira, analisei "Não sei dançar". Agora, lanço-me a vôos mais altos.
Acontece que na Biblioteca central da Ufes não tem nadinha nadinha sobre Hilda Hilst. Procurei livro por livro da bibliografia indicada no fim de "Da morte. Odes mínimas" e nada.
Quer dizer, dois livros escritos por um professor da Ufes constavam no site, mas no papel que é bom - nada. Revirei estantes, se vocês querem saber. Fiquei lá por longos minutos varrendo poeira e tentando - em vão - encontrar alguém que me falasse de Hilda.
Então falo eu.
Por que "Da morte. Odes mínimas", é um belíssimo livro de poemas que merece ser garimpado e relido por quem quer que o encontre. Trata-se de sensualidade, medo, desafio, dor e uma vontade estranha de um encontro com a morte.
Transcrevo:
"Demora-te sobre minha hora.
Antes de me tomar, demora.
Que tu me percorras cuidadoa, etérea
Que eu te conheça lícita, terrena
Duas fortes mulheres
Na sua dura hora.
Que me tomes sem pena
Mas voluptuosa, eterna
Como as fêmeas da Terra.
E a ti, te conhecendo
Que eu me faça carne
E posse
Como fazem os homens."
Preciso invetigar os versos com cuidado. Ver a métrica de tudo e saber or que os homens se fazem carne e posse e de onde vem essa coisa de ser como um homem na pra de conhecer a morte.
Por que a hora seria dura para a morte? E por que a morte tem que ser uma mulher forte? E se é mulher, como é que toma percorrendo sensualmente e por que Hilda tem de ser o homem?
quinta-feira, 26 de junho de 2008
Nada
Eu ando tão atolada e apaixonada por tanta coisa ao mesmo tempo que hoje, pela primeira vez em dois meses de boteco, não sei sobre o que falar. Sentei-me aqui pensando em indicar algum bom livro dando características e dialogando com seu autor de forma tradicional e bonita.
Mas a verdade é que não sei.
Se hoje, neste boteco, eu falasse de Nelson Rodrigues, eu deveria conseguir dialogar com ele. Entender o que ele queria quando escreveu algumas obras - as quais eu nunca vou entender por completo-, mas eu não me chamo Arnaldo Jabor e nem tenho tamanha audácia.
Resta-me então, meu autoritarismo de quem hoje escreve sobre nada, pra que vocês leiam quem escrevia volta e meia sobre nada, mas muito bem obrigada.
Com vocês, um sabiá!
domingo, 8 de junho de 2008
Viviane II
Na verdade, o post é sobre um poema específico dela, chamado Vida/tempo. É que esse poema é meio chicobuarqueano e bem sensual. Eu o conheci da boca de uma amiga que fumava e rebolava enquanto falava que a vida passava a mão nela e o tempo a comia com força e por trás.
E explico por que chicobuarqueano. Trata-se da referência que o poema faz a "olhos nos olhos", música do chico da qual gosto muito, quando a Viviane diz que dizem que ela anda até remoçando.
São duas líricas de amor. Uma que dota substantivos abstratos de vida, mas ainda sim trata de poder sobre alguém que antes a fazia mal. Olhos nos Olhos é a mesma coisa. A mulher que é eu-lírico da música diz que quando a deixaram ela ficou mal, mas hoje está feliz, até remoçando.
Tão bonito esse poder de amor!
E hoje estou boazinha, então posto a música na voz da Maria Bethânia e o poema na voz da vivane.
Maria Bethânia - Olhos nos Olhos
*total multimidiático, fala que não?
sábado, 7 de junho de 2008
Viviane
Sem muitas postagens por falta de computador, venho hoje só pra falar de uma poeta que encara o tempo como eu gostaria de encarar. Os textos dela são exercícios lúdicos de mais que poesia. Viviane Mosé pede em versos que a solidão a esqueça e avisa para o tempo que quer que ele a coma de frente, olhando nos olhos.
Mas a coisa mais bonita dela, a que eu mais gosto, e um poema que diz que tristesa derretida é lágrima e tristeza endurecida é tumor.
Mais dela aqui e aqui.
*não linquei os poemas durante o post por que o segundo aqui tem todos os citados juntos, sem possibilidade de linkar separadamente.
quarta-feira, 28 de maio de 2008
Ana e a faca
Na peça, falava-se o tempo inteiro que "o mineiro só é solidário no câncer".
Entretanto, a minha frase é mais doce e por isso muito mais perigosa.
Do you Believe in love?
A culpa é da Ana Cristina César, nesse poema.
quarta-feira, 21 de maio de 2008
Vai um Drink?
Com açúcar, com afeto é um blog do qual eu tirei um texto à umas postagens atrás e, embora raramente seja atualizado, sempre me traz uma surpresa escrita em versos. A autora, Marcela Rangel, tem uma doçura gostosa e madura na hora de escrever(foi o melhor jeito que arrumei de dizer que ela é doce, mas não é besta, inocente ou idiota). Muitas vezes se põe na bandeja quando escreve, noutras se esconde.
Eu só sei que sempre procuro o que ela escreve, me acalma ou agita na hora que eu preciso.
E não tenho mais o que dizer, então fucei o arquivo e catei um trecho de poema.
sexta-feira, 16 de maio de 2008
Andrade
Sem mais delongas, vim falar de poesia. Por que o que difere a literatura das demais narrativas é exatamente as possibilidades que a literatura tem. As significações que cada texto adquire para cada pessoa enriquecem o texto e não só ele... Não quero entrar num jogo de valores.
Encerrando o assunto, se a mensagem deve ser claríssima como água, com emissor certo e destinatário previsto anteriormente, estamos fazendo jornalismo ou publicidade, não literatura. Literatura, disse o mestre, permite ambiguidades deliciosas.
E agora não sou eu que falo, sim Oswald de Andrade, que é pra reafirmar a literatura e as múltiplas significações de uma mesma palavra.
Amor
Humor
terça-feira, 13 de maio de 2008
Epifania
Epifania
Uma epifania de Clarice me atingiu.
A cabeça de tão aberta, as vezes, não consegue se conformar com o óbvio.
Certos gritos por alto demais não podem ser ouvidos, diz o Gullar.
Mas nunca é tarde demais.
E foi quando a epifania de Clarice me atingiu.
Ela (a Clarice) bem deveria saber que ela (a epifania) só surge em momentos de absurda clareza.
Há de se entrar em contato com tudo que se ouviu e se ignorou.
Há de se acertar com todos os assuntos interiores que se havia escondido e...
Pausar.
Pular uma linha.
Sem dor ou alarde.
E, de repente, uma calma aterrorizante toma conta.
Uma brisa leve é gerada.
Nem tudo está perdido, muito menos resolvido.
Mas, não importa.
É como se o esclarecimento desse força (não daquelas forças de luta, mas daquelas que dão vontade de prosseguir, jamais desistir).
E quando a epifania está para terminar, posiciona-se em um estado entre o normal e o epifano que faz com que se pense em Clarice Lispector, em Ferreira Gullar, em epifania, em poema e, se a sorte adentrar, em postar.
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Achei que o texto cabia bem no blog. Seguem, então, mais links sobre Clarice e Gullar.
Um abraço,
sábado, 10 de maio de 2008
Sarau II
E o Sarau sobre o qual disse no post de ontem(passou da meia noite, mas ainda é sexta – eu não dormi e eu decido isso) foi um sucesso. Nunca vi um sarau, nem uma mostra de vídeos tão cheios. Não lá na Ufes.
A exposição de desenhos foi numa sala e passaram mais de 70 pessoas que assinaram. E olha que eu nem assinei nada. E foram umas 3 horas de exposição contando assinatura, ou menos...
E o Sarau em si! Putz... Começou com a mãe da Natasha dizendo que não ouvia falar em sarau desde que tinha lido A Moreninha. Daí a gente foi pra lá e ficou botando músicas felizes pra tocar e o Sarau nunca começava. Tudo atrasou, mas ele por fim começou.
Primeiro falaram poemas de Gregório de Mattos, depois veio Mário de Sá Carneiro e depois eu falei um texto meu e Haroldo falou um texto dele. E todos foram tomando coragem e pegando mesmo o microfone pra declamar qualquer coisa, até música do Ponto de Equilíbrio.
Por que música é poesia sim e não há quem diga que não.
Foi lindo e eu tinha que dizer.
E agora, por que Internet é link, seguem nomes linkados e substancialmente acompanhados por agradecimentos e aplausos. Flora, Damn, Léo Lopes, Juliano Gauche, Túlio, Amanda, Vitór, Vinícius, toda a gestão do Cacos...
E pra fechar, na mostra de vídeos do sarau foi exibido um vídeo meu, que é esse aí:
terça-feira, 6 de maio de 2008
Belo belo
Aline, Li Vinicius, li Bandeira.. depois disso, muitos beijos
na boca vieram e o fato de entender Vinicius só reforça minhas convicções do
quanto prefiro Bandeira.Comentário do Marcelo, do blog Saco de Filó, no post "Soneto de fidelidade"
Manuel Bandeira foi dos primeiros poetas que eu gostei de ler. Caí nas graças dele aos nove anos por culpa das Chiquititas - Sim, eu era uma fã histérica delas . Por mais estranho que pareça, em um trecho da novela, uma personagem leu à outra um poema de Bandeira e eu, metida a gostar de poemas, resolvi correr atrás.
Morava perto da biblioteca e pegava sempre o mesmo livro dele, uma coletânea de poemas escolhidos por não lembro quem.
Em especial, dois poemas me intrigavam e me intrigam até hoje: Boca de forno e Belo belo II (existe um Belo belo I). De Boca de forno eu vou deixar pra falar depois, mas devo me concentrar novamente nos meus nove anos pra falar de Belo belo.
A questão é justamente o número. Naquela época, aprendia a verificar contas usando a prova real e a prova dos nove.
Eu gostava daquele negócio, achava bonito somar dois e sete. Nem lembro mais como é que se tira a prova dos nove, só lembro que você somava, dava nove e depois: noves fora zero. Hoje faço contas de cabeça e sou tão arrogante que nem verifico, não sei mais dançar as coreografias das Chiquititas, mas em mim ficou que vida noves fora zero.
zeca baleiro - Bandeira
domingo, 4 de maio de 2008
Soneto de fidelidade

Poderia tentar falar num post sobre toda a obra dele, mas não quero resumir grande coisa em pouca. Quero apenas lembrar que foi ele quem disse das saboneteiras quando fez sua receita de mulher, além de exigir que todo mundo leia esse poema.
E pra não ficar um texto sem conclusão, retomo o beijo na boca do começo pra dizer que papai tinha razão.