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terça-feira, 13 de dezembro de 2011

A Casa dos Budas Ditosos

Se nas mil e uma noites Sherazade conta histórias para não morrer, algumas, inclusive, cheias de sacanagem, em “A casa dos budas ditosos” o que motiva a história é o contrário. A protagonista narradora que pode existir mesmo e ter ditado a história, ou não, resolve contar suas sacanagens porque sabe que vai morrer e acha justo dividir o legado. Para ela, a luxúria não é pecado, mas um dom divino que é sua missão na terra.
É este o mote da história e a forma como é contada, parecendo um monólogo, é o que faz ficar ainda mais interessante do que um mero amontoado de pornografias. A luxúria da protagonista tem método e o livro parece ter pretensões educativas. As sacanagens em si parecem coisa tão normal na vida da senhora que não ganham descrições detalhadíssimas. É tudo cru. Palavrões jorram, a linguagem é oral mesmo.
Curiosas são algumas inserções de comentários filosóficos, ideológicos e a pornografia sendo encarada como estilo de vida e forma de leitura de Platão, do feminismo, da política, da academia etc. Viver é foder, diz a protagonista, que faz questão de frisar que esta não é uma conclusão banal, mas uma tese confirmada por sua incursão exaustiva no assunto.
Se os desavergonhados se divertirão com a leitura, também se divertirão os envergonhados. Mesmo absolutamente pornográfico, o livro não é chulo.
Assinado por João Ubaldo Ribeiro com uma nota no começo que diz que a história lhe foi mandada por esta senhora de 68 anos que mudou os nomes e não quer se identificar, “A casa dos budas ditosos” é o volume referente à Luxúria da coleção “Plenos Pecados” e pode ser encontrado em qualquer sebo ou livraria.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

O Evangelho de Coco Chanel

Emergindo das profundezas glamorosas da Fashion Avenue, NY, nasce o livro da escritora norte-americana Karen Karbo, uma fã incondicional e estudiosa do assunto, que tomou coragem para escrever sobre a mulher mais influente na moda, Coco Chanel.

Como uma mulher em pleno século XIX, órfã, Chanel poderia ter sido uma dócil dona de casa (dependente e submissa). Porém, Chanel não era dessas mulheres que se entregavam facilmente às normas e padrões da época. A partir de uma ajudinha financeira do seu primeiro (de muitos) amante rico, Balsan, Chanel criou seu primeiro ateliê, que logo que lucrou, pagou-lhe o empréstimo. Como sua primeira “peça”, a estilista adaptou para mulheres, o chapéu de gondoleiro de jérsei. Coco adorava montaria, o que a influenciou a adaptar a calça de montaria masculina para uma calça mais delicada, com linhas e cortes femininos. De repente todas as mulheres mais chiques de Paris, tinha um item marcado com dois Cês, que virou a cara de marca e ícone de glamour. Ou o chapéu, ou a calça de montaria, e claro o clássico perfume Chanel Nº 5, que serviu não só para deixá-la rica, livrá-la de problemas com o governo francês, como até a musa Marylin Monroe usar o perfume e eternizá-lo.

Como disse a autora, se Chanel visse o mundo de hoje, ela no mínimo surtaria, tal é a mudança radical que a moda sofre desde a década de 1970 (Chanel morreu em 71). Se a revolução sexual e a mini-saia foram desaprovadas por Chanel, imagine se ela visse as barbáries fashions que o mundo anda cometendo. Como ela mesma disse, “morreria de desgosto”. Coco odiava tudo ao que se referia à revolução sexual da mulher, apesar de ser uma e não gostar de obedecer ninguém.

Com bom humor, classe, ironia e uma escrita intimista, Karbo conta a história da vida de Coco, usando suas frases como parâmetro e se baseando em muita pesquisa, uma vez que a estilista reinventava sua história todas as vezes que dava uma nova entrevista. A reinvenção de Chanel acabou virando um capítulo inteiro no livro de Karen, que explica o porquê a estilista tinha essa mania da auto-reinvenção.

Sábio, engenhoso e inovador, o Evangelho de Coco Chanel é uma encantadora viagem pela complexa vida de um ícone da moda. Com um olhar divertido e criterioso sobre a genial autora do pretinho básico, o livro também conta com as ilustrações de Chesley McLaren, conhecida como “a ilustradora francesa de Nova York”, pelo seu elegante traço.

No final do livro, Karbo nos deixa uma linda mensagem de perseverança e amor ao que se faz dita pela própria Coco, em uma entrevista à revista New Yorker. Declarou que nunca se arrependeu de nada do que fez e que viveu pela moda. Viveu para o seu “maior desafio”, que segundo a estilista, era deixar as mulheres sempre belas em qualquer situação. Apesar da declaração, o mundo mudou muito depois de Chanel e tudo que a estilista tocou virou herança, peças raras, peças impagáveis e nada democráticas. Hoje é o usurário que tem de ser digno para usar uma peça cravada com os dois Cês.

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quinta-feira, 3 de junho de 2010

Bom é ser musa

Hoje eu queria estar lá em Cachoeiro, naquele exercício bonito de compartilhar solidão. Não. Hoje eu não quero e nem consigo pensar. Estou triste. Triste por ser bonita que é uma coisa que eu nunca fiz questão de ser. E também por ser ingênua de acreditar tanto em livros e mais neles do que na própria vida.
A verdade é que Elizabeth Bennet nunca mentiu para mim. Lolita muito menos. Talvez Anaïs tenha mentido nos diários, mas eu consigo acreditar naquelas letras todas moles. Consigo acreditar nas pernas de Dolores-Lolita que se estendem inocentemente sobre as pernas cobertas de um Humbert quase maluco.
Eu não estou aqui para julgar Lolita, nem Capitu, nem nenhuma outra mocinha dúbia que eu sempre quis ser. Fico aqui admirando Lúcia e pronto. Querendo ser Aurélia ou mais. Mas o Grijó já disse que perto dessas mocinhas românticas a minha pele não serve nem para fazer sabão.
E eu mesma nunca fui nenhuma mocinha romântica, nem nunca quis ser vilã. Menos quando com muita raiva. Com muita raiva todas viramos Lady Macbeth. Mas nem ela mentiu para mim.
Então eu volto à essa tristeza exata e talvez forçada, talvez chula, talvez tosca. De não ser musa de nada. De ter que agüentar todos os dias ser dessas pessoas que escrevem e não gostam de qualquer letra mal posta por qualquer outra pessoa.
Principalmente eu detesto pontuação equivocada. E isso, leitor, é sofrimento. É impossível agüentar pontuação equivocada quando quem lê sou eu.
E hoje as palavras não estão dançando, nem eu. E toda a doçura só serve de combustível para mais besteira e mais idéia que não serve nem pra romance, nem pra conto, muito menos para poemas.
Hoje eu queria talvez conseguir contar métrica com propriedade e compor sonetos toscos. Queria pensar um tanto menos e sentir com muito menos gravidade.
Então, se hoje me nascesse um filho, eu diria a ele que jogasse bola e ficasse alto e fosse absurdamente galante.
Por que o resto todo é muito dolorido e fica sendo muito difícil querer qualquer pessoa perto. Melhor que meu filho inspire versos – mesmo os mal feitos – e que fique feliz ao recebê-los sem qualquer exigência de ritmo e metáfora.
Meu filho nem vai ter nome de poeta, que é pra não correr riscos.
Furada, leitor. Eu mesma tenho nome de nada. Nome só meu. E esse carma.
Vamos seguindo pra fora, então, que eu não sei dançar e preciso agora tomar um pouco de alegria.

quarta-feira, 24 de março de 2010

A vida de Suzana Flag

Eu não sei nada de violência, nem de paixão, muito menos de como fala uma mulher bonita. Quem sabe dessas coisas é Nelson Rodrigues. Foram 4 folhetins em que ele disse se chamar Suzana Flag. A Suzana que se dizia belíssima, ninguém sabia quem era e todo mundo queria ler.
Aí apareceu, numa revista, uma história de nome “Minha Vida”, assinada por Suzana e cheia de paixão, violência e feminilidade. Os diálogos eram bons demais para parecerem vir de memória. Os detalhes eram demais para ser verdade. Poucos dias passados há anos antes de Suzana começar a escrever. Coisa à beça na cabeça de uma menina de 15 anos, que com aquilo tudo virava mulher – e virava a cabeça de todos os personagens masculinos da história. Começo básico: suicídio da mãe, depois morte do pai, depois armações de casamento com o amante da mãe, depois seqüestro, depois paixões e mais paixões. E muito gás.
Não sei quando descobriram que Suzana era Nelson, mas sei que Suzana é uma delícia de ler e que não é possível soltar “Minha Vida” antes do fim.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Garota, Interrompida

"A única coisa que me salvou da loucura foi escrever", conta a escritora Susanna Kaysen, de Cambridge, Massachusetts, autora de dois romances, Asa, As I Knew Him e Far Afield, além de suas memórias, Girl, Interrupted.

Estamos em 1967 e Susanna Kaysen de 17 anos, é igual a quase todas as adolescentes norte-americanas da sua idade - confusa, insegura, lutando para entender o mundo em constante mutação à sua volta. Ela não se interessa pelos estudos, com exceção de literatura e biologia (que leva bomba duas vezes). Ao se concentrar em alguma tarefa, como os deveres da escola, frequentemente sua atenção é desviada e começa a esfregar os pulsos na borda da cadeira, mas para antes de se ferir seriamente. Tem vários namorados, e se encantou com um professor de inglês. Fica muito tempo pensando e imaginando a própria morte e, em uma ocasião, enfileirou 50 aspirinas sobre a mesa, engoliu uma por uma e foi até o supermercado. Desmaiou em frente ao açougue e foi levada ao hospital, onde esvaziaram seu estômago. Diante de uma garota assim, pensamos em terapia, ou em alguma atividade que realmente desperte seu interesse. Não cremos que seja caso para um hospital psiquiátrico. Mas em 1967, foi.
Neste livro de memórias, Susanna Kaysen fala dos quase dois anos que passou internada em um hospital psiquiátrico, de 1967 a 1968. Depois de uma consulta a um psiquiatra que nunca havia visto antes, este (após comentar que ela tinha uma espinha) sugeriu que ela se internasse em um hospital, para “um descanso”.
Ela foi posta em um táxi até o Hospital McLean, conhecido por ter “hospedado” famosos e criativos como, Sylvia Plath, James Taylor, Ray Charles e Robert Lowell, e não tão famosos cujas famílias pudessem pagar pela estadia. Como Susanna observa,

“Nosso hospital era famoso e havia abrigado grandes poetas e cantores. O hospital se especializou em poetas e cantores, ou será que os poetas e cantores se especializaram na loucura?”.

O livro não segue uma estrutura narrativa linear; são capítulos isolados, contando incidentes vividos ou testemunhados por Susanna, que nos mostram o cotidiano das internas, o relacionamento com enfermeiras e médicos e, no final do livro, um balanço que a autora faz de seu diagnóstico e do que é a doença mental, de como os psicólogos e psiquiatras têm uma abordagem diferente do paciente (segundo ela, os primeiros tratam a mente, e os últimos, o cérebro, interessando-se somente pelas reações químicas que acontecem lá).

Mais tarde, em 1999, o livro finalmente vira filme dirigido por James Mangold, e estrelando como Susanna Kaysen, Winona Ryder que diz ter se identificado com a autora, período que Ryder se internou numa clínica aos 20 anos. E rendendo à Angelina Jolie o Oscar de melhor atriz coadjuvante (que não era pra menos..!).

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Uma espiã na casa do amor


Eu sempre acreditei que existe o livro certo na hora certa. Então foi um acerto começar "Uma espiã na casa do amor", de Anaïs Nin. A protagonista Sabina sou eu e é você também.
A Ariel tinha razão quando disse que o que a Anaïs escreve toca qualquer mulher. Que nos convence das coisas mais impensáveis. Adultério parece aceitável e tudo.
Mas não é apenas uma questão de adultério. Sabina vive a revolução sexual do século passado.
O livro é a história dos questionamentos internos e da culpa e do conflito de uma mulher. Cada amor um galho e várias perguntas sobre o começo de tudo.
Sabina reflete sobre as marcas das coisas, sobre o lugar dela mesma em cada um desses amores. Sobre a paixão e a necessidade de não se fixar se fixando em todas as pessoas.
Vai ficando aos pedaços enquanto tenta ter lucidez para continuar.
Diz que é atriz e finge muitas coisas, tentando se encontrar e descobrir qual das Sabinas é ela mesma.
Tudo se incendeia e nada é muito certo.
A contra capa do livro diz que se trata de um mergulho na sensibilidade.
Talvez seja isso mesmo.
Talvez por isso a Anaïs consiga me arrancar um pedaço a cada linha e me fazer pensar em cada detalhe de mim mesma.

sábado, 23 de maio de 2009

Anais Nin - Feminismo, Sexo, Miller e Incesto.


Era uma vez uma menina de 12 anos, que nascera na França, e um dia resolveu escrever diários. Depois de um tempo, quando seu pai abandonou sua família, todos se mudaram pra Nova York, onde ela estudou literatura nas melhores escolas. Seus diários são mundialmente conhecidos. Seus amores invejados. Suas experiências sexuais e amorosas, sem comparação. O amor por um grande homem e o desejo pelo pai.

Precursora feminista francesa, só não superando Joana D'Arc. Esta é Anais Nin. Uma das mulheres mais fascinantes da literatura erótica francesa, uma aprendiz de Marquês de Sade, só que com o vocabulário fresco e torto de uma verdadeira dama. Uma das únicas escritoras que resolveu mostrar ao mundo da primeira e segunda Guerra Mundial, que a mulher também tinha sexualidade, que também tinha prazer, também gozava e gostava literalmente de meter.
Casada 2 vezes e primeiro com Hugo, depois com Rupert. Na maioria dos seus diários, Hugo é o amor de sua vida, mas não consegue se manter longe do amor de Henry Miller. Sim, um dos maiores escritores norte americanos de literatura erótica, teve um envolvimento louco e um tanto conturbado com Anais, além de June, na época a mulher de Miller, com quem ela se envolve e apaixona, tendo seu primeiro contato com o lesbianismo, que ela descreve lindamente em "Henry & June".
Ademais, seus envolvimentos com o primo Eduardo e o que entrou para a história e virou a continuação de "Henry & June", o livro "Incesto", que conta como Anais conheceu o pai, Joaquin Nin, e teve com ele um caso de incesto. Mais que sexo, a paixão e o amor que ela descreve ter pelo pai, algo impensável na nossa sociedade.

O mais intrigante, é que Anais faz as coisas mais "macabras" aos nossos olhos do séc. XXI e nem assim ela consegue se vulgarizar. É uma das únicas mulheres que escreveu livros e mais livros sobre a sexualidade feminina, escrevia palavras de baixo calão e nunca deixando de ser suave, fina, clássica e sensual.
É tão fascinante, que qualquer mulher se vê em Anais. É quase surreal a maneira de ela provar por A+B que nós somos todas iguais quando se trata de sexo. Até a mais católica das mulheres consegue se ver em seus livros e diários. É incrível como ela deixa a situação mais vulgar em algo totalmente pleno e delicado, intocável, de porcelana.

Antes de qualquer crítica arrasadora, qualquer julgamento precipitado, tente ler como ela explica todas as situações que ela se encontra. Ela te convence que ter relacionamentos fora do casamento, ou até transar com o próprio pai, tem um quê de beleza que raramente se vê. Ela mostra toda essa beleza nas entrelinhas.

Entre as obras de Anais, estão os diários e os livros "A casa do Incesto", "Delta de Vênus", "Passarinhos" e "Uma espiã na casa do amor".
Se vale a pena ler? Só tenho a comentar que, eu sou uma das muitas mulheres que virou escrava dessa outra. E adora, de todo coração, suas investidas penetrantes e ardentes. Simplesmente indescritível.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Hilda, Hilda, onde está você?


Ultimamente entrei numas de tentar fazer crítica literária. Estou cursando uma disciplina no Departamento de Linguas e Letras e tudo o mais.
O primeiro trabalho entregue foi sobre Bandeira, analisei "Não sei dançar". Agora, lanço-me a vôos mais altos.
Acontece que na Biblioteca central da Ufes não tem nadinha nadinha sobre Hilda Hilst. Procurei livro por livro da bibliografia indicada no fim de "Da morte. Odes mínimas" e nada.
Quer dizer, dois livros escritos por um professor da Ufes constavam no site, mas no papel que é bom - nada. Revirei estantes, se vocês querem saber. Fiquei lá por longos minutos varrendo poeira e tentando - em vão - encontrar alguém que me falasse de Hilda.
Então falo eu.
Por que "Da morte. Odes mínimas", é um belíssimo livro de poemas que merece ser garimpado e relido por quem quer que o encontre. Trata-se de sensualidade, medo, desafio, dor e uma vontade estranha de um encontro com a morte.
Transcrevo:

"Demora-te sobre minha hora.
Antes de me tomar, demora.
Que tu me percorras cuidadoa, etérea
Que eu te conheça lícita, terrena

Duas fortes mulheres
Na sua dura hora.

Que me tomes sem pena
Mas voluptuosa, eterna
Como as fêmeas da Terra.

E a ti, te conhecendo
Que eu me faça carne
E posse
Como fazem os homens."

Preciso invetigar os versos com cuidado. Ver a métrica de tudo e saber or que os homens se fazem carne e posse e de onde vem essa coisa de ser como um homem na pra de conhecer a morte.
Por que a hora seria dura para a morte? E por que a morte tem que ser uma mulher forte? E se é mulher, como é que toma percorrendo sensualmente e por que Hilda tem de ser o homem?


sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Nelson no bar com a gente

Cheguei no bar em êxtase.
- Danilo! Terminei o livro com as peças do Nelson.
- E agora, como é que você está se sentindo?
- Muito mais adúltera do que antes. E olha que eu estou solteira.
- Certo.
- Quer dizer, adúltera não. Eu sou honestíssima!
- Sei. Viúva, porém honesta.
- Olha aqui. Eu sou praticamente um Joice de "O anti-Nelson Rodrigues".
- Sim. Você é uma moça de família!
- Eu ia falar Lídia, mas aí eu lembrei que ela foge com o motorista e eu juro que esse não era o destino que eu queria pra mim.

* De fato, a conversa existiu. Numa sexta-feira de carnaval *

domingo, 4 de maio de 2008

Soneto de fidelidade


Foi meu pai quem disse, quando eu tinha 13 anos e era metida a intelectual por que gostava de Bandeira, que eu ia entender Vinícius só depois que eu desse meu primeiro beijo na boca. Na época, achava Vinícius chato por pura ignorância minha. Hoje não acho.
Poderia tentar falar num post sobre toda a obra dele, mas não quero resumir grande coisa em pouca. Quero apenas lembrar que foi ele quem disse das saboneteiras quando fez sua receita de mulher, além de exigir que todo mundo leia esse poema.
E pra não ficar um texto sem conclusão, retomo o beijo na boca do começo pra dizer que papai tinha razão.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Salomé



Na minha estante há muitos livros, inclusive muitos que nem foram abertos. Mas dos abertos que eu li, ressaltaria hoje um bem curto que li numa deitada só. Trata-se de uma clássica releitura de um clássico feita por um gigante.
Salomé é a história de uma princesa mui bela que se apaixona pelo profeta João Batista e não é correspondida. Não sei bem como é a história na bíblia, mas versão de Oscar Wilde é fascinante e chega a fazer doer.
Há quem tenha dificuldade de ler quando é drama, mas Salomé toca tão fundo que a dificuldade passa. Os olhos dela são visíveis nas falas e toda força das cenas já batem na cara da gente só na leitura.
Salomé é princesa bonita e ainda dança. Ela é bonita e seduz, então pode tudo. Poderia, então, ser qualquer mulher. É por isso que dói.