segunda-feira, 23 de março de 2009

Para gostar de ler

Esses dias eu estive chateada, pesada, cansada e triste. Queria matar uma sujeita ou quem sabe apenas discontar tudo em facadas distribuídas por aí.
Acontece que eu tinha há um tempo aprendido a receita do bom-humor com Poliana, pensar o lado bom das coisasa e tudo mais. Tentei ao máximo e chegou uma hora em que eu só lembrava do poema do beco.
Pra essas horas, é bom ler Rubem Braga. Qualquer coisa dele lava a alma suja e cansada e faz a gente voltar a lembrar que sorrisos existem.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Quem é Capitu?

A personagem mais polêmica da literatura brasileira, ganha várias versões sobre sua personalidade, sua suposta traição e as dúvidas de seu marido.
Alberto Schprejer organizou um livro, formando um time de feras: Fernanda Montenegro, Luiz Fernando Carvalho, Mary Del Priore, Gustavo Bernardo, Carla Rodrigues, Lya Luft, Silviano Santiago, John Gledson, Otto Lara Resende, Luis Fernando Veríssimo, Millôr Fernandes, Luiz Alberto Pinheiro de Freitas, Roberto DaMatta, Daniel Piza, Lygia Fagundes Telles.
Com uma bela e incógnita personagem nas mãos, os autores tentam "atar as duas pontas da vida" de Capitu, uns na defesa e outros, acusação. Alguns são polêmicos como a própria Capitu. Mary Del Priore faz uma conclusão histórica do machismo para defender Capitu. Enquanto que Otto Lara Resende (que fica perplexo com o fato de todos duvidarem da sanidade de Bentinho), incrimina Capitu sem dó. No entando John Gledson, discorda friamente de Resende, usando sua idade como desculpa da sua incompreensão da obra.
Verissimo e Millôr Fernandes duvidam da sexualidade de Bentinho, transparecendo nos seus textos a bissexualidade de Bentinho e o ciúme (e o amor) por Escobar e não por Capitu. Citando passagens em que Bentinho demonstra o seu amor por Escobar, que é discreto porém não totalmente escondido.
Além de Del Priore, Carla Rodrigues cita também a feminista americana Helen Caldwell, que propos em 1960, uma releitura de Dom Casmurro para a defesa de Capitu, contra o machismo do século XIX.
Além de tudo isso e mais alguns ótimos textos e crônicas dos outros autores, Luiz Fernando Carvalho dá detalhes de como a minissérie, que foi ao ar em rede nacional em dezembro do ano passado, Capitu, foi feita, imaginada e dirigida. Contém as observações e os desenhos do diretor que inundou de boa literatura as salas de muitos brasileiros. E claro, mais uma vez, a atriz Fernanda Montenegro entrando no personagem, faz uma reflexão maravilhosa sobre a polêmica Capitu.

Quem é Capitu, ninguém ao certo sabe. A dúdiva continua na mente de muitos críticos, escritores, poetas, estudiosos, jornalistas, feministas e etc.
O fato, é que Machado de Assis, o gênio e culpado pela existência da Academia de Letras, Realismo brasileiro e a traição ou não de Capitu, morreu e levou consigo o segredo que por mais que os intelectuais tentem, nunca vai ser desvendado.
Machado escreveu a realidade humana em uma única mulher: bonita, inteligente, sagaz, estrategista e principalmente, misteriosa.



Obrigada Aline, por confiar em mim para dividir o blog!
Grande beijo.

terça-feira, 3 de março de 2009

O amor nos tempos do cólera

Quanto tempo dura um amor?

Não pergunte a mim. Nem seria capaz de responder como é que se reconhece o que pode ser amor ou não. A questão do tempo, quem bem esclareceria seria Florentino Ariza, que atravessou longos cinqüenta e três anos amando em silêncio a mesma mulher: Fermina Daza, uma senhora casada com um renomado médico, Juvenal Urbino.

Assim se estabelece o triângulo amoroso principal de um dos livros mais bonitos que eu já li: “O amor nos tempos do cólera”, do genial Gabriel Garcia Márquez.

O livro precisa ser lido não apenas como uma história de amor, mas por suas tiradas e as minuciosidades das personalidades e dos nomes das personagens. Por exemplo, Fermina Daza é descrita por seu caráter forte, é firme; enquanto Florentino Ariza é um poeta que jamais conseguiu escrever um memorando formal sem os floreios das cartas de amor.

Também vale ressaltar como o cólera aparece de coadjuvante da história: entre os mortos que as personagens vêem numa viagem de navio, como pretexto para os amantes ficarem sozinhos, confundido com o amor de Florentino Ariza. Foi aí que veio, entre vômitos, dores e febres, a frase derradeira: “o amor tem os mesmos sintomas do cólera”.

No mais, eu não assisti ao filme que foi feito à partir do livro, mas achei interessante botar o trailler pra caso alguém se interesse.


segunda-feira, 2 de março de 2009

Chega de saudade


“Chega de saudade” é um amontoado de histórias reais sobre pessoas reais que se lê como um romance. Os conflitos, os amores e as maluquices fazem com que qualquer leitor se sinta parte daquilo e queira viver tudo. Nos surpreendemos com histórias de pessoas públicas, como Nara Leão, Vinícius de Moraes e João Gilberto, que acabam se tornando, através da leitura, como vizinhos nossos – quase amigos íntimos!

No decorrer da obra, Ruy Castro narra as histórias da Bossa Nova. O livro começa com a infância João Gilberto na Bahia, passa por curiosidades sobre canções e pessoas, e termina com o disco que Tom Jobim gravou com Frank Sinatra nos Estados Unidos, tocando violão.

Com “Chega de Saudade” na mão, o leitor deve estar atento a como alguns acasos aparentemente irrisórios deram origem a canções que marcaram época e como as relações entre as pessoas influenciaram acontecimentos históricos.

Roberta Sá - Chega de Saudade