tag:blogger.com,1999:blog-6557529350057523142024-02-07T07:32:46.705-03:00Literatura de botecoAline Diashttp://www.blogger.com/profile/07349974192065555020noreply@blogger.comBlogger73125tag:blogger.com,1999:blog-655752935005752314.post-66628546078335919832011-12-13T16:52:00.002-02:002011-12-13T16:56:43.508-02:00A Casa dos Budas Ditosos<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiaVUJM8VH6czsJw3goJimjscJX1C3-tlZf9dFetj7KK7u6SuezAIaXClgHohCThUBySwqQSImOYnpmp1QEbMFNajuzwhCsc5yBOzU06irq-dfRzlH7Q7JVWKmZSo5h0xsblFq8sExEkdI/s1600/casadosbudasditosos.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 210px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiaVUJM8VH6czsJw3goJimjscJX1C3-tlZf9dFetj7KK7u6SuezAIaXClgHohCThUBySwqQSImOYnpmp1QEbMFNajuzwhCsc5yBOzU06irq-dfRzlH7Q7JVWKmZSo5h0xsblFq8sExEkdI/s320/casadosbudasditosos.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5685688097206347922" /></a>Se nas mil e uma noites Sherazade conta histórias para não morrer, algumas, inclusive, cheias de sacanagem, em “A casa dos budas ditosos” o que motiva a história é o contrário. A protagonista narradora que pode existir mesmo e ter ditado a história, ou não, resolve contar suas sacanagens porque sabe que vai morrer e acha justo dividir o legado. Para ela, a luxúria não é pecado, mas um dom divino que é sua missão na terra.<br />É este o mote da história e a forma como é contada, parecendo um monólogo, é o que faz ficar ainda mais interessante do que um mero amontoado de pornografias. A luxúria da protagonista tem método e o livro parece ter pretensões educativas. As sacanagens em si parecem coisa tão normal na vida da senhora que não ganham descrições detalhadíssimas. É tudo cru. Palavrões jorram, a linguagem é oral mesmo.<br />Curiosas são algumas inserções de comentários filosóficos, ideológicos e a pornografia sendo encarada como estilo de vida e forma de leitura de Platão, do feminismo, da política, da academia etc. Viver é foder, diz a protagonista, que faz questão de frisar que esta não é uma conclusão banal, mas uma tese confirmada por sua incursão exaustiva no assunto.<br />Se os desavergonhados se divertirão com a leitura, também se divertirão os envergonhados. Mesmo absolutamente pornográfico, o livro não é chulo.<br />Assinado por João Ubaldo Ribeiro com uma nota no começo que diz que a história lhe foi mandada por esta senhora de 68 anos que mudou os nomes e não quer se identificar, “A casa dos budas ditosos” é o volume referente à Luxúria da coleção “Plenos Pecados” e pode ser encontrado em qualquer sebo ou livraria.Aline Diashttp://www.blogger.com/profile/07349974192065555020noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-655752935005752314.post-4420389475491997002010-11-05T21:00:00.002-02:002011-03-21T15:58:53.317-03:00O Evangelho de Coco Chanel<div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjC5TPP6dUpHcfBDSjyFP-6SYklAxM2GZlmV6zd_2rDzpREyz41Dx-fRqznZF5s84JcqL__5iyYLExdDnFQUIdCkeOrUl_gNIfFiHh-NeMvBJyxa9XKle2kTm8F4v7vaPIWtLTGBNYbeDvA/s1600/coco-+capa+chanel_alta.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; cssfloat: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" px="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjC5TPP6dUpHcfBDSjyFP-6SYklAxM2GZlmV6zd_2rDzpREyz41Dx-fRqznZF5s84JcqL__5iyYLExdDnFQUIdCkeOrUl_gNIfFiHh-NeMvBJyxa9XKle2kTm8F4v7vaPIWtLTGBNYbeDvA/s320/coco-+capa+chanel_alta.jpg" width="213" /></a>Emergindo das profundezas glamorosas da Fashion Avenue, NY, nasce o livro da escritora norte-americana Karen Karbo, uma fã incondicional e estudiosa do assunto, que tomou coragem para escrever sobre a mulher mais influente na moda, Coco Chanel.</div><br />
<div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;">Como uma mulher em pleno século XIX, órfã, Chanel poderia ter sido uma dócil dona de casa (dependente e submissa). Porém, Chanel não era dessas mulheres que se entregavam facilmente às normas e padrões da época. A partir de uma ajudinha financeira do seu primeiro (de muitos) amante rico, Balsan, Chanel criou seu primeiro ateliê, que logo que lucrou, pagou-lhe o empréstimo. Como sua primeira “peça”, a estilista adaptou para mulheres, o chapéu de gondoleiro de jérsei. Coco adorava montaria, o que a influenciou a adaptar a calça de montaria masculina para uma calça mais delicada, com linhas e cortes femininos. De repente todas as mulheres mais chiques de Paris, tinha um item marcado com dois Cês, que virou a cara de marca e ícone de glamour. Ou o chapéu, ou a calça de montaria, e claro o clássico perfume Chanel Nº 5, que serviu não só para deixá-la rica, livrá-la de problemas com o governo francês, como até a musa Marylin Monroe usar o perfume e eternizá-lo.</div><br />
Como disse a autora, se Chanel visse o mundo de hoje, ela no mínimo surtaria, tal é a mudança radical que a moda sofre desde a década de 1970 (Chanel morreu em 71). Se a revolução sexual e a mini-saia foram desaprovadas por Chanel, imagine se ela visse as barbáries fashions que o mundo anda cometendo. Como ela mesma disse, “morreria de desgosto”. Coco odiava tudo ao que se referia à revolução sexual da mulher, apesar de ser uma e não gostar de obedecer ninguém. <br />
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<div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;">Com bom humor, classe, ironia e uma escrita intimista, Karbo conta a história da vida de Coco, usando suas frases como parâmetro e se baseando em muita pesquisa, uma vez que a estilista reinventava sua história todas as vezes que dava uma nova entrevista. A reinvenção de Chanel acabou virando um capítulo inteiro no livro de Karen, que explica o porquê a estilista tinha essa mania da auto-reinvenção. </div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><br />
</div>Sábio, engenhoso e inovador, o Evangelho de Coco Chanel é uma encantadora viagem pela complexa vida de um ícone da moda. Com um olhar divertido e criterioso sobre a genial autora do pretinho básico, o livro também conta com as ilustrações de Chesley McLaren, conhecida como “a ilustradora francesa de Nova York”, pelo seu elegante traço. <br />
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<div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;">No final do livro, Karbo nos deixa uma linda mensagem de perseverança e amor ao que se faz dita pela própria Coco, em uma entrevista à revista New Yorker. Declarou que nunca se arrependeu de nada do que fez e que viveu pela moda. Viveu para o seu “maior desafio”, que segundo a estilista, era deixar as mulheres sempre belas em qualquer situação. Apesar da declaração, o mundo mudou muito depois de Chanel e tudo que a estilista tocou virou herança, peças raras, peças impagáveis e nada democráticas. Hoje é o usurário que tem de ser digno para usar uma peça cravada com os dois Cês. </div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><br />
</div><lock aspectratio="t" v:ext="edit">.</lock>Arielhttp://www.blogger.com/profile/11617349788869052395noreply@blogger.com27tag:blogger.com,1999:blog-655752935005752314.post-50068070077377111492010-06-03T20:33:00.000-03:002010-06-03T20:34:14.765-03:00Bom é ser musaHoje eu queria estar lá em Cachoeiro, naquele exercício bonito de compartilhar solidão. Não. Hoje eu não quero e nem consigo pensar. Estou triste. Triste por ser bonita que é uma coisa que eu nunca fiz questão de ser. E também por ser ingênua de acreditar tanto em livros e mais neles do que na própria vida. <br />A verdade é que Elizabeth Bennet nunca mentiu para mim. Lolita muito menos. Talvez Anaïs tenha mentido nos diários, mas eu consigo acreditar naquelas letras todas moles. Consigo acreditar nas pernas de Dolores-Lolita que se estendem inocentemente sobre as pernas cobertas de um Humbert quase maluco. <br />Eu não estou aqui para julgar Lolita, nem Capitu, nem nenhuma outra mocinha dúbia que eu sempre quis ser. Fico aqui admirando Lúcia e pronto. Querendo ser Aurélia ou mais. Mas o Grijó já disse que perto dessas mocinhas românticas a minha pele não serve nem para fazer sabão. <br />E eu mesma nunca fui nenhuma mocinha romântica, nem nunca quis ser vilã. Menos quando com muita raiva. Com muita raiva todas viramos Lady Macbeth. Mas nem ela mentiu para mim.<br />Então eu volto à essa tristeza exata e talvez forçada, talvez chula, talvez tosca. De não ser musa de nada. De ter que agüentar todos os dias ser dessas pessoas que escrevem e não gostam de qualquer letra mal posta por qualquer outra pessoa.<br />Principalmente eu detesto pontuação equivocada. E isso, leitor, é sofrimento. É impossível agüentar pontuação equivocada quando quem lê sou eu.<br />E hoje as palavras não estão dançando, nem eu. E toda a doçura só serve de combustível para mais besteira e mais idéia que não serve nem pra romance, nem pra conto, muito menos para poemas.<br />Hoje eu queria talvez conseguir contar métrica com propriedade e compor sonetos toscos. Queria pensar um tanto menos e sentir com muito menos gravidade.<br />Então, se hoje me nascesse um filho, eu diria a ele que jogasse bola e ficasse alto e fosse absurdamente galante.<br />Por que o resto todo é muito dolorido e fica sendo muito difícil querer qualquer pessoa perto. Melhor que meu filho inspire versos – mesmo os mal feitos – e que fique feliz ao recebê-los sem qualquer exigência de ritmo e metáfora.<br />Meu filho nem vai ter nome de poeta, que é pra não correr riscos.<br />Furada, leitor. Eu mesma tenho nome de nada. Nome só meu. E esse carma.<br />Vamos seguindo pra fora, então, que eu não sei dançar e preciso agora tomar um pouco de alegria.Aline Diashttp://www.blogger.com/profile/07349974192065555020noreply@blogger.com11tag:blogger.com,1999:blog-655752935005752314.post-33693769019849175482010-05-13T10:17:00.001-03:002010-05-13T22:33:28.208-03:00Para quem gosta de escrever: um novo espaçoO compositor Sérgio Sampaio disse que “lugar de poesia é na calçada” e foi daí surgiu a ideia da Revista Calçada. Trata-se de uma revista online de literatura que entrará no ar na próxima quarta-feira (19). A ideia é abrir espaço para a publicação de textos literários inéditos, além de trazer um conteúdo diversificado que incluirá releituras de poemas e crônicas em áudio e vídeo, ensaios, colunas, crítica e reportagem.<br /><br />A Revista Calçada é uma publicação quinzenal sem fins lucrativos que está sendo desenvolvida como Trabalho de Conclusão de Curso das estudantes de Comunicação Social Aline Dias e Marcela Rangel, sob orientação do professor José Irmo Gonring.<br /><br />Autores interessados em publicar ensaios, poemas, contos ou crônicas podem enviar seus textos para o e-mail revistacalcada@hotmail.com. Todos os textos serão avaliados por uma comissão editorial composta por críticos literários.<br /><br />O resultado poderá ser conferido na próxima semana, o endereço é www.revistacalcada.com.br!Aline Diashttp://www.blogger.com/profile/07349974192065555020noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-655752935005752314.post-25260468587671331002010-03-24T13:40:00.001-03:002010-03-24T13:43:09.699-03:00A vida de Suzana Flag<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxkafzP4phCbX2bBIvJ1O1d97Sev344UT88c6w-ULgc-c1axPlTNHgrlZKT4TopbNwkF94PMb72hIJXSb0VDoJC7Pr7ON4wHeek2_R1c2TcTgXzLsUeaeYn23vGTWjpIM7nkYd_f8QDXo/s1600/minhavidasuzanaflag.jpg"><img style="float: left; margin: 0pt 10px 10px 0pt; cursor: pointer; width: 120px; height: 205px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxkafzP4phCbX2bBIvJ1O1d97Sev344UT88c6w-ULgc-c1axPlTNHgrlZKT4TopbNwkF94PMb72hIJXSb0VDoJC7Pr7ON4wHeek2_R1c2TcTgXzLsUeaeYn23vGTWjpIM7nkYd_f8QDXo/s320/minhavidasuzanaflag.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5452241570062100338" border="0" /></a>Eu não sei nada de violência, nem de paixão, muito menos de como fala uma mulher bonita. Quem sabe dessas coisas é Nelson Rodrigues. Foram 4 folhetins em que ele disse se chamar Suzana Flag. A Suzana que se dizia belíssima, ninguém sabia quem era e todo mundo queria ler.<br />Aí apareceu, numa revista, uma história de nome “Minha Vida”, assinada por Suzana e cheia de paixão, violência e feminilidade. Os diálogos eram bons demais para parecerem vir de memória. Os detalhes eram demais para ser verdade. Poucos dias passados há anos antes de Suzana começar a escrever. Coisa à beça na cabeça de uma menina de 15 anos, que com aquilo tudo virava mulher – e virava a cabeça de todos os personagens masculinos da história. Começo básico: suicídio da mãe, depois morte do pai, depois armações de casamento com o amante da mãe, depois seqüestro, depois paixões e mais paixões. E muito gás.<br />Não sei quando descobriram que Suzana era Nelson, mas sei que Suzana é uma delícia de ler e que não é possível soltar “Minha Vida” antes do fim.Aline Diashttp://www.blogger.com/profile/07349974192065555020noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-655752935005752314.post-26167155959517344092010-03-21T14:39:00.003-03:002010-03-23T06:58:32.563-03:00Eu, cabotina.Saiu esta semana o resultado do Prêmio Ufes de Literatura 2009/2010. A idéia era divulgar e incentivar a produção literária. Ao contrário do que parece, o prêmio não foi disputado apenas por estudantes da Ufes, mas por gente de todo o Brasil e até da Alemanha.<br />O concurso foi feito todo por e-mail e os 20 ganhadores, 10 da categoria poesia e 10 da categoria contos, terão seus trabalhos publicados em uma coletânea a ser lançada ainda em Abril.<br />Sobre ser cabotina, o lance é o seguinte: fiquei em décimo lugar na categoria contos e fui a única mulher entre os contistas laureados.<br />o resultado pode ser conferido neste link<a href="http://www.secretariadecultura.ufes.br/editora_ufes.php" target="blank"> aqui.</a>Aline Diashttp://www.blogger.com/profile/07349974192065555020noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-655752935005752314.post-71033491519984546772010-03-17T18:53:00.002-03:002010-03-17T18:55:31.857-03:00Purgatório<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBvu0X9lg8WPYoP28vaMuMqdkBQyFmzKy-hRZxHTBJ-qCqgkZNSC3GcPXPLZ89L0A3FSBzh0TL6X8-VSAzyhDupiQLEJODm3EnVmixeLFByt_L0Nl6L3LpS27F73CudW963uxi4C9e1A8/s1600-h/PURGATORIO1.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 216px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBvu0X9lg8WPYoP28vaMuMqdkBQyFmzKy-hRZxHTBJ-qCqgkZNSC3GcPXPLZ89L0A3FSBzh0TL6X8-VSAzyhDupiQLEJODm3EnVmixeLFByt_L0Nl6L3LpS27F73CudW963uxi4C9e1A8/s320/PURGATORIO1.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5449724763313374130" /></a><br />“A Divina Comédia”, de Dante, é um clássico que volta-e-meia vê-se retomado por algum autor contemporâneo. Há não tanto tempo, Mário Prata fez uma releitura do texto em forma de folhetim e publicou na Folha Ilustrada. Os leitores e os pedidos para que a diagramação do jornal não “entortasse” a história (que as pessoas queriam encadernar) eram tantos que, terminado o folhetim, foi preciso publicá-lo como livro. “Purgatório” conta de forma bem humorada a verdadeira história de Dante e Beatriz, tão batida em músicas (como Beatriz, de Chico Buarque) e até novelas (como Sete Pecados, de Walcyr Carrasco). <br />No livro, Dante é o funcionário de um banco que passa a receber e-mails de sua ex-namorada da adolescência, a bailarina Beatriz. Tudo seria normal, se ela não estivesse morta e mandasse e-mails do purgatório. Virgílio, o poeta autor de “Eneida” que, na história original, guia Dante em sua viagem pelo inferno, é um amigo espírita do bancário que rende boas gargalhadas. <br />De um humor primoroso e fascinante, “Purgatório” é um livro de leitura fácil e agradável, sem ser óbvio. Os rumos alucinantes que a história toma prendem o leitor do começo ao fim. É Excelente motivo para boas gargalhadas.Aline Diashttp://www.blogger.com/profile/07349974192065555020noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-655752935005752314.post-24431196455100477252010-03-05T23:19:00.003-03:002010-03-05T23:26:01.795-03:00História do Olho - Georges Bataille<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-W2Oq-62stje6pZlfhEP6hvzC3gV6B8BO50rxzNY-A4wXHezmnyMBwR1zf_ExxL8x_oJ5nJQz9sJEQBsvbAN4jxjf5Fvy8DDnK94H2p_Qa4UnBNAhLQ5_KRM6XypeLzCwKErESH774XHe/s1600-h/213607_4.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5445340272398272930" style="FLOAT: right; MARGIN: 0px 0px 10px 10px; WIDTH: 240px; CURSOR: hand; HEIGHT: 320px" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-W2Oq-62stje6pZlfhEP6hvzC3gV6B8BO50rxzNY-A4wXHezmnyMBwR1zf_ExxL8x_oJ5nJQz9sJEQBsvbAN4jxjf5Fvy8DDnK94H2p_Qa4UnBNAhLQ5_KRM6XypeLzCwKErESH774XHe/s320/213607_4.jpg" border="0" /></a><br /><div>Uma narrativa qualquer, numa praia qualquer em férias de verão, a Espanha continua a mesma com seus espanhóis e estrangeiros, visitando lugares históricos. Este é o cenário para a primeira ficção de Georges Bataille, "História do Olho", livro que ilustra uma filosofia passando do gênero noir e erótico. Como nos livros de Marques de Sade, Bataille busca traços explícitos nas personagens, confiando nelas para expor suas ideias, que ainda eram implícita no começo de sua carreira.<br />A obra publicada originalmente em 1928, não leva o nome verdadeiro do autor, passando por Lord Auch, marca como em nenhum outro texto seu, o desejo de ser "apagado", uma vez que busca omitir os traços que permitem identificar o verdadeiro nome do autor.<br />De ficção a auto biografia, Bataille monta a estrutura do livro de uma forma complicada e dissimulada. Misturando o estilo noir e erótico, dá detalhes precisos sobre suas paixões, inspirados sempre por suas leituras místicas, além de Nietzsche e Sade. Tais inspirações só definia mais a suas obsessões fúnebres, relacionadas a violência erótica e ao êxtase religioso. "O sentido do erotismo é a fusão, a supressão dos limites", escreve o autor, explicando a união dos corpos a ponto de se tornar indistintas uma das outras. Ou, como completa Bataille em "O Erotismo", numa passagem que resume seu primeiro livro: "O sentido último do erotismo é a morte". </div>Arielhttp://www.blogger.com/profile/11617349788869052395noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-655752935005752314.post-12962622371821874742010-01-21T17:13:00.007-02:002010-01-21T17:37:38.331-02:00Garota, Interrompida<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjl-WvlXcY_jw5Xiefu0R-qmf53mnUcEqRyaZRDkAUhOdVcrb2ZZspMnNHLFUnblowhLpwSFVn7MbujchgOm5Lz8FVXMLapcLlFYbVwLUzDZdnCPUQRrE-ssEFmyXvK7HxkD-atyTTzeEHW/s1600-h/GirlInterrupted.jpg"><img style="MARGIN: 0px 0px 10px 10px; WIDTH: 222px; FLOAT: right; HEIGHT: 320px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5429275891874198722" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjl-WvlXcY_jw5Xiefu0R-qmf53mnUcEqRyaZRDkAUhOdVcrb2ZZspMnNHLFUnblowhLpwSFVn7MbujchgOm5Lz8FVXMLapcLlFYbVwLUzDZdnCPUQRrE-ssEFmyXvK7HxkD-atyTTzeEHW/s320/GirlInterrupted.jpg" /></a> "A única coisa que me salvou da loucura foi escrever", conta a escritora Susanna Kaysen, de Cambridge, Massachusetts, autora de dois romances, <em>Asa, As I Knew Him e Far Afield</em>, além de suas memórias, <em>Girl, Interrupted</em>.<br /><br />Estamos em 1967 e Susanna Kaysen de 17 anos, é igual a quase todas as adolescentes norte-americanas da sua idade - confusa, insegura, lutando para entender o mundo em constante mutação à sua volta. Ela não se interessa pelos estudos, com exceção de literatura e biologia (que leva bomba duas vezes). Ao se concentrar em alguma tarefa, como os deveres da escola, frequentemente sua atenção é desviada e começa a esfregar os pulsos na borda da cadeira, mas para antes de se ferir seriamente. Tem vários namorados, e se encantou com um professor de inglês. Fica muito tempo pensando e imaginando a própria morte e, em uma ocasião, enfileirou 50 aspirinas sobre a mesa, engoliu uma por uma e foi até o supermercado. Desmaiou em frente ao açougue e foi levada ao hospital, onde esvaziaram seu estômago. Diante de uma garota assim, pensamos em terapia, ou em alguma atividade que realmente desperte seu interesse. Não cremos que seja caso para um hospital psiquiátrico. Mas em 1967, foi.<br />Neste livro de memórias, Susanna Kaysen fala dos quase dois anos que passou internada em um hospital psiquiátrico, de 1967 a 1968. Depois de uma consulta a um psiquiatra que nunca havia visto antes, este (após comentar que ela tinha uma espinha) sugeriu que ela se internasse em um hospital, para “um descanso”.<br />Ela foi posta em um táxi até o Hospital McLean, conhecido por ter “hospedado” famosos e criativos como, Sylvia Plath, James Taylor, Ray Charles e Robert Lowell, e não tão famosos cujas famílias pudessem pagar pela estadia. Como Susanna observa,<br /><br /><em>“Nosso hospital era famoso e havia abrigado grandes poetas e cantores. O hospital se especializou em poetas e cantores, ou será que os poetas e cantores se especializaram na loucura?”. </em><br /><em><br /></em>O livro não segue uma estrutura narrativa linear; são capítulos isolados, contando incidentes vividos ou testemunhados por Susanna, que nos mostram o cotidiano das internas, o relacionamento com enfermeiras e médicos e, no final do livro, um balanço que a autora faz de seu diagnóstico e do que é a doença mental, de como os psicólogos e psiquiatras têm uma abordagem diferente do paciente (segundo ela, os primeiros tratam a mente, e os últimos, o cérebro, interessando-se somente pelas reações químicas que acontecem lá).<br /><br />Mais tarde, em 1999, o livro finalmente vira filme dirigido por James Mangold, e estrelando como Susanna Kaysen, Winona Ryder que diz ter se identificado com a autora, período que Ryder se internou numa clínica aos 20 anos. E rendendo à Angelina Jolie o Oscar de melhor atriz coadjuvante (que não era pra menos..!).Arielhttp://www.blogger.com/profile/11617349788869052395noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-655752935005752314.post-50145443455236566462010-01-11T13:46:00.003-02:002010-03-11T18:36:40.013-03:00Uma espiã na casa do amor<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://www.skoob.com.br/img/livros_new/1/4445/UMA_ESPIA_NA_CASA_DO_AMOR_1239893394P.jpg"><img style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; float: right; cursor: pointer; width: 200px; height: 330px;" src="http://www.skoob.com.br/img/livros_new/1/4445/UMA_ESPIA_NA_CASA_DO_AMOR_1239893394P.jpg" alt="" border="0" /></a><br />Eu sempre acreditei que existe o livro certo na hora certa. Então foi um acerto começar "Uma espiã na casa do amor", de Anaïs Nin. A protagonista Sabina sou eu e é você também.<br />A Ariel tinha razão quando disse que o que a Anaïs escreve toca qualquer mulher. Que nos convence das coisas mais impensáveis. Adultério parece aceitável e tudo.<br />Mas não é apenas uma questão de adultério. Sabina vive a revolução sexual do século passado.<br />O livro é a história dos questionamentos internos e da culpa e do conflito de uma mulher. Cada amor um galho e várias perguntas sobre o começo de tudo.<br />Sabina reflete sobre as marcas das coisas, sobre o lugar dela mesma em cada um desses amores. Sobre a paixão e a necessidade de não se fixar se fixando em todas as pessoas.<br />Vai ficando aos pedaços enquanto tenta ter lucidez para continuar.<br />Diz que é atriz e finge muitas coisas, tentando se encontrar e descobrir qual das Sabinas é ela mesma.<br />Tudo se incendeia e nada é muito certo.<br />A contra capa do livro diz que se trata de um mergulho na sensibilidade.<br />Talvez seja isso mesmo.<br />Talvez por isso a Anaïs consiga me arrancar um pedaço a cada linha e me fazer pensar em cada detalhe de mim mesma.Aline Diashttp://www.blogger.com/profile/07349974192065555020noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-655752935005752314.post-12606633250858500852010-01-06T15:25:00.005-02:002010-01-06T15:37:40.776-02:00Histórias curtas para Mariana M<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_Zc2hLMdz-k4Cdo7Hy7_6CikzJX0ZpR53U1lwXg51gKxcUWh7RyLYXo0J9i1_fUKfg_GkP-qx3dWVUHZQmTJQ_HnQSFbHGEUJDiHTPictQWsnZ5Y13shMaSFfRtYgCHGNs5B7j1uc8ws/s1600-h/capa-mariana1.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 202px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_Zc2hLMdz-k4Cdo7Hy7_6CikzJX0ZpR53U1lwXg51gKxcUWh7RyLYXo0J9i1_fUKfg_GkP-qx3dWVUHZQmTJQ_HnQSFbHGEUJDiHTPictQWsnZ5Y13shMaSFfRtYgCHGNs5B7j1uc8ws/s320/capa-mariana1.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5423681184613054658" border="0" /></a><br /> No fim das contas, é mesmo uma história de amor.<br />Criança, eu gostava mesmo de detetives. Em livros, me atentei pouco para as deduções. Não tem graça sempre saber de cara quem é o assassino – e comigo isso sempre acontece. Tentei Agatha Cristie, Sherlock Holmes, alguma coisa de Rubem Fonseca com seu ótimo Mandrake. Romance Noir. Até Nelson Motta – com um livro legal e pronto, nada muito aguçador de cérebros.<br />Sou dessas leitoras que gostam de porrada. Entretanto, sempre me imaginei detetive. Solucionanadora de casos com raciocínio brilhante. Todavia, não será possível seguir na profissão, nasci mulher.<br />Em <span style="font-style: italic;">Histórias curtas para Mariana M</span>, <a href="http://ipsislitteris.opsblog.org/">Francisco Grijó</a> nos apresenta um narrador anônimo de ares um tanto arrogantes que fala de sua Mariana e de Júlio Albani, outro homem com quem ela se envolve. O narrador vai morrer e declara não gostar de histórias policiais, mas apresenta assassinos, investigações e informações sobre tramas policialescas.<br />Passei metade do livro me perguntando por que um homem à beira da morte contaria uma história de um gênero que não gosta. No fim, descobri que estava sendo enganada e que ele mesmo brincava comigo todo o tempo. Sem dúvida, <span style="font-style: italic;">Histórias curtas para Mariana M</span> é uma desesperada história de amor.<br /><a href="http://ipsislitteris.opsblog.org/2009/12/08/eu-o-cabotino/"><br />Aqui, um post do autor sobre o seu livro.</a>Aline Diashttp://www.blogger.com/profile/07349974192065555020noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-655752935005752314.post-20116486657121052892010-01-03T12:53:00.004-02:002010-01-03T13:08:43.392-02:00Over the RainbowFoi um pequeno detalhe. Tenho 5 versões de Over The Rainbow no computador. Então ele deduziu que eu gosto do Mágico de Oz e me deu o livro de natal.<br />Mesmo sem ler, eu já tinha gostado. Assisti ao filme algumas muitas vezes e tenho a biografia da Judy Garland.<br />Mas 'O Mágico de Oz', livro de L. Frank Baun, é ainda melhor que o filme. Algumas sacadas - como quando totó morde a bruxa má do Oeste e ela não sangra, por que ela era tão malvada que seu sangue já tinha secado há tempos - dão um tom cômico e o livro todo tem tom de aventura. Algumas passagens tiram mesmo o fôlego da gente, mas depois aparece algo de doce, algo de engraçado, algo de singelo.<br />É sim uma história infantil, mas é das boas. Das melhores. Dessas em que o poço de magia e invenção de coisas não parece ter fim.<br />Lembrei de 'A Longa História', que também conta uma viagem.<br />É isso. 'O Mágico de Oz' é uma história de viagem como tantas outras. Viagem em busca de coração, cérebro, coragem e volta pra casa.<br />O que me impressiona, afora a história que é mesmo muito legal, é como essas histórias de viagem sempre tem encanto. Busca pelo Santo Graal, tentar levar o anel para ser destruído...<br />Qual vai ser a próxima viagem?<br /><br /><br /><br /><object width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/F0-um0pHTAg&hl=pt_BR&fs=1&"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/F0-um0pHTAg&hl=pt_BR&fs=1&" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object><br /><br />E como não podia ser diferente, botei esse vídeo com um dos meus trechos preferidos do filme. Uma das minhas músicas preferidas.Aline Diashttp://www.blogger.com/profile/07349974192065555020noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-655752935005752314.post-37564300069957999512009-12-26T19:24:00.002-02:002009-12-26T19:37:31.898-02:00Sem plumas<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://www.skoob.com.br/img/livros_new/1/1754/SEM_PLUMAS_1231088853P.jpg"><img style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; float: right; cursor: pointer; width: 200px; height: 330px;" src="http://www.skoob.com.br/img/livros_new/1/1754/SEM_PLUMAS_1231088853P.jpg" alt="" border="0" /></a><br />Não resolvi ler Woody Allen. Nem com a Ariel falando que é bacana nem nada. A Bárbara simplesmente me chegou com aquele livrinho amarelo e simpático, dizendo que se eu gosto dos filmes, gostaria também de ler.<br />Sendo dócil e bem mandada como sou, aceitei a sugestão e li cada uma das histórias, dos ensaios e das peças de teatro. A mesma ironia dos filmes. Aquele humor inteligente que te traz um riso de canto de boca. Está tudo lá.<br />Em destaque, coloco uma peça de nome "Deus". <a href="http://literaturaboteco.blogspot.com/2009/05/que-loucura-woody.html">Ariel disse há uns posts atrás</a> que o Woody coloca até a Madame Bovary no meio da sua bagunça em "Que loucura!". Em Deus, de repente aparece Blanche DuBois (de <span style="font-style: italic;">Um Bonde Chamado Desejo</span>, coincidentemente o post abaixo)fugida do manicômio e procurando uma peça nova para si. Alguém levanta da platéia e passa a fazer parte da história. O personagem não quer fazer o que o autor manda e então eles ligam para o Woody Allen, por que todo mundo sabe que não existe. Os protagonistas são gregos que se chamam Hepatitis e Diabetes.<br />Como é que uma peça dessas pode ser montada? E como é que isso pode não ser divertido?<br />É sem saída mesmo. Divertidíssimo.<br />Não vou entregar mais nada do livro.<br />Mas, se a Bárbara resolver ler esse post, bom que ela saiba que eu pedi que lhe entregassem o livro.Aline Diashttp://www.blogger.com/profile/07349974192065555020noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-655752935005752314.post-37216916408859458162009-11-21T00:31:00.003-02:002009-11-21T00:44:25.036-02:00Um bonde chamado desejo<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuS5-T4CVtp_RFsKR3063uOgJ9znUCctla_SUmtU8zIfs77Bqo5Y3P9kGzXLGlftz3vrFhauLB-O63T7qiggjGlcAUX8szmEvuk8OLjd5h60pIieFchyphenhyphenR4ine8KxtZ-aJxsMudhkQMLMU/s1600/marlonbrando.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5406382108903549650" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 320px" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuS5-T4CVtp_RFsKR3063uOgJ9znUCctla_SUmtU8zIfs77Bqo5Y3P9kGzXLGlftz3vrFhauLB-O63T7qiggjGlcAUX8szmEvuk8OLjd5h60pIieFchyphenhyphenR4ine8KxtZ-aJxsMudhkQMLMU/s320/marlonbrando.jpg" border="0" /></a><br /><a href="http://www.tudomercado.com.br/tm/aviso/img_avisos/Submarino_21429124.jpg"></a><div><br /><br /></div><div>Tarde da noite. Estávamos num bar, eufóricos, eloqüentes e ligeiramente bêbados. Danilo e eu na mesa. Entre um assunto e outro, percebemos Lígia. Lígia estava sentada sozinha em uma outra mesa, ao lado da caixa de som do boteco. Ouvia Sérgio Sampaio (como todos nós), bebericava um vinho tinto e lia compulsivamente, anotando coisas. Danilo e eu não entendemos por que uma pessoa faria um fichamento numa noite quente sentada num boteco na Rua da Lama. Levantamos e fomos saber que livro era aquele e por que cargas d’água ela parecia tão interessada. Era “um bonde chamado desejo”. Lígia era atriz e tinha que ensaiar um trecho da peça do Tennesse Williams. Nós observamos o ensaio e tivemos boas conversas.<br />Faz mais ou menos um ano que eu conheci a Lígia e antes disso eu já sabia que o livro existia. Livro e filme com Marlon Brando. Acontece que foi hoje que o livro surgiu na minha frente quando eu estava procurando nada no sebo. Comprei imediatamente. Li compulsivamente.<br />Então a Lígia começou a fazer sentido. Por que “Um bonde chamado desejo” é bom de ser lido com vinho na mão e como quem toma vinho. Os cuidados são os mesmos para o vinho e para o livro. Ler “um bonde chamado desejo” sem tomar água nos intervalos causa embriaguez instantânea. Atordoa. Não tem outra definição: é do caralho.<br />Eu não sei quem de vocês já tentou estudar teatro ou construir personagens. Mas deparar-se com uma Blanche DuBois na frente é no mínimo fascinante. Imagine uma mulher fina que, de peixe fora d’água na periferia, vai se mostrando cada vez mais louca. Sem contar o relacionamento de Stella e Stanley, que parecem vivos. E cada uma das sutilezas das relações entre todos os personagens deve ser degustada com calma, mesmo que o livro peça para ser engolido de uma vez só.<br />É sentimento demais. Os diálogos são tão bons que a história poderia ser uma porcaria, mas não é o caso. É porrada. Cachaça goela a baixo. É coisa pesada, mas nada difícil. Linguagem simples. Palavras certeiras. E todo aquele sentimento, aqueles conflitos. Aquela emoção. O sangue da gente subindo e uma cola automática entre a nossa mão e o livro.<br />Por que não vai sair. Não tem como largar antes do fim. Não tem como passar ileso. Não tem como tomar golinhos de leve. Lígia fez bem. Se embriagou de tudo de uma vez. </div><div><br /></div><div></div><div><br /></div><div></div><br /><br /><br /><div><br /></div><div></div><div><br /></div><div><a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Um_Bonde_Chamado_Desejo">Aqui</a>, o resumo do livro, lá na wikipédia.</div><div><br /></div><div></div><div><br /></div><div><a href="http://ocaradalocadora.com.br/2009/08/04/uma-rua-chamada-pecado/">Aqui</a>, um comentário sobre o filme "Uma rua chamada pecado" (que é "um bonde chamado desejo" em português), no blog <a href="http://ocaradalocadora.com.br/">o cara da locadora</a>.</div>Aline Diashttp://www.blogger.com/profile/07349974192065555020noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-655752935005752314.post-71280393176553249092009-11-09T13:06:00.000-02:002009-11-09T13:08:13.366-02:00A sátira de Gregório de Mattos e a demologia negativa de Guimarães Rosa em debate no XI Congresso de Estudos Literários<div style="text-align: right; font-weight: bold; font-style: italic;">Por Brunella França<br /></div><br />Guimarães Rosa e Gregório de Mattos iniciaram o segundo dia de atividades do XI Congresso de Estudos Literários, realizado na Universidade Federal do Espírito Santo e organizado pelo Programa de Pós-Graduação em Letras. Na conferência da manhã, o professor doutor em Literatura Comparada, Luís Eustáquio Soares (Ufes) e da professora doutora em Literatura Comparada, Ana Lúcia de Oliveira, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).<br /><br />Dentro da temática desta edição do Congresso, Pessoa, persona persoagem, Oliveira apresentou as configurações da persona satírica na “musa praguejadora atribuída a Gregório de Matos. A professora, em sua fala, buscou problematizar o conceito pós-romântico de literatura ao abordar a noção de autoria relacionada à obra do poeta.<br /><br />Ela destacou também o diálogo com a tradição retórico-poética Greco-romana mantido por Gregório em sua poesia. A partir da análise de alguns poemas do autor, Ana Lúcia de Oliveira revelou as diferentes configurações da persona satírica seiscentista, na qual convergem várias representações sociais da época.<br /><br />A traição a-Deus<br />O diabo na rua, no meio do redemoinho. O professor-doutor Luís Eustáquio logo avisou que sua fala, assim como a obra de Graciliano Ramos, estaria permeada de enxofre. Isso porque no trabalho apresentado por ele na conferência, O corpo barroco de Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa, a traição a-Deus, um dos principais elementos expostos era sobre a demologia negativa.<br /><br />A negação, segundo explica Soares, começa logo pela palavra que inicia a narrativa. “Nonada”. O pesquisador afirma que não podendo falar de Deus, sendo finitos e mortais, fala-se dele por aquilo que ele não é. “Deixamos Deus quietinho e o diabo a gente fica questionando”.<br /><br />Tendo em vista o pacto que o personagem Riobaldo fez com o Diabo, o professor procurou mostrar procurar como o narrador de Grande Sertão: Veredas trai a soberania, logo “a-Deus”, ao assumir-se como alteridade. “Riobaldo não é mais sacrificável e objetável, pois, a partir do pacto, engaja-se – eis aqui a ficcionalidade da narrativa – no roubo da transcendência soberana, produzindo uma metafísica de alteridades sem soberanias, através do signo contraditório das artimanhas e estratégias dissimuladas do demo”, esclarece.Aline Diashttp://www.blogger.com/profile/07349974192065555020noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-655752935005752314.post-4586339912145788942009-11-03T12:29:00.003-02:002009-11-03T12:37:03.486-02:00Congresso de Estudos Literários acontece essa semana na Ufes<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiaHcEIPWmrGcyzjH-B19K7nnDbIncKkykyPEMHSsOMnLc6yxbG8XdnIn6k2QgohrkYmBawJLL7HUbLjmld0_eFbc-WaZs-rhqiqRih7EFjoYOd2OgaSgCZYrYYgQ1i-dg4h7nGNJ485fg/s1600-h/Cartaz+final.jpg"><img style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; float: right; cursor: pointer; width: 160px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiaHcEIPWmrGcyzjH-B19K7nnDbIncKkykyPEMHSsOMnLc6yxbG8XdnIn6k2QgohrkYmBawJLL7HUbLjmld0_eFbc-WaZs-rhqiqRih7EFjoYOd2OgaSgCZYrYYgQ1i-dg4h7nGNJ485fg/s320/Cartaz+final.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5399886066252201826" border="0" /></a><br /><p class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt; line-height: normal;"><span style="font-size:12;">Dia 5 e 6 de novembro, acontece o Décimo Primeiro Congresso de Estudos Literários Realizado pelo programa de pós-graduação em Estudos Literários da Ufes. O tema deste ano é “Pessoa, persona, personagem”. Haverá conferências e apresentações de trabalhos divididos entre manhãs, tardes e noites dos dois dias, no auditório do ICII, no prédio Bernadette Lyra e nas salas do ICIII.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt; line-height: normal;"><span style="font-size:12;">O objetivo do evento é proporcionar uma reflexão sobre a literatura, levando em conta os seus processos de constituição e a sua indissociabilidade em relação à história, à cultura, à sociedade. Assim, o tema <i>pessoa</i>, <i>persona </i>e <i>personagem</i>, será discutido tendo em vista que são elementos decisivos para a leitura, interpretação e compreensão de textos literários e afins.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt; line-height: normal;"><span style="font-size:12;">Segundo um dos coordenadores do evento, professor Paulo Roberto Sodré, a análise do que é pessoa, o que é persona e o que é personagem é um dos pontos mais polêmicos do estudo da literatura. Dessa forma, o congresso deve se atentar para como essas figuras são tratadas na Literatura e na Crítica, observando como as pessoas são representadas de acordo com raça, classe social e sexualidade, por exemplo, e as relações entre personagem e autoria.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt; line-height: normal;"><span style="font-size:12;">Um dos destaques da programação será a presença do professor Antônio Tillis, do </span><span style="font-size:12;">Dartmouth College, EUA, com a conferência “<b>la literatura afro-latinoamericana y las realidades afro-diaspóricas”</b>.</span><span style="font-size:12;"> </span><span style="font-size:12;">Tillis encerrará o evento, na noite do dia 6, falando sobre a Literatura como instrumento de luta política contra a invisibilidade. </span><span style="font-size:12;"></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="line-height: 115%;font-size:12;" >A programação completa e os resumos dos trabalhos a ser apresentados estão disponíveis no <a href="http://www.prppg.ufes.br/ppgl/Caderno_de_resumos.pdf">site.</a></span></p>Aline Diashttp://www.blogger.com/profile/07349974192065555020noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-655752935005752314.post-47969513117142423912009-09-23T10:52:00.003-03:002009-09-23T11:08:57.468-03:00A crítica literária, os palpites irresponsáveis e principalmente eu.Estive ontem em um Debate-papo realizado na Biblioteca Estadual do Espírito Santo. O assunto era a obra do jornalista e escritor José Roberto Santos Neves. Acontece que José Roberto também é editor do caderno de cultura de A Gazeta e a conversa acabou girando muito em torno disso.<br />Falaram muito na ausência de crítica literária nos jornais e em certo ponto eu entendi que estavam culpando a universidade por não formar críticos ou não divulgar a produção nessa área. E isso é grave, por que o escritor mesmo disse que a crítica não pode ser apenas um palpite irresponsável, como muito acontece na internet(e como eu gosto muito de fazer).<br />Mas eu sou desses piolhos das letras que fica lá pelo Centro de Ciências Humanas e Naturais procurando professores, conversando e caçando sarna pra me coçar.<br />E nesses congressos e aulas e conversas em que estive com pessoas que de fato estudam literatura, eu vi produção sim. Coisa por vezes inócua(como o que eu consegui produzir com esta carga ótima de jornalista). Mas havia também uma produção consistente, estudos meticulosos e principalmente paixão.<br />Então surge outro problema, nessas minhas aventuras, eu fui ler críticas acadêmicas e com toda a minha humildade eu não acho que aquilo tudo caiba num jornal.<br />Imagine você, leitor, abrir um caderno no café da manhã e deparar-se com análises minuciosíssimas de versos de poemas, rimas, métricas, todas as possíveis camadas de sentido!<br />Não! Eu estou contaminada pelas capas multicoloridas com fotos enormes e principalmente fofocas.<br />Pensar numa crítica mais mole(no sentido de simples, não de mole) e curta talvez pareça uma solução plausível a curto prazo.<br />Acontece que eu acho que o problema está comigo, que tirada um pouco da pesadíssima linguagem acadêmica de segundo beutrano página tal ano tal, uns ensaios longos bem caberiam no meu café da manhã.<br /><br />Agora, se quiser parar de ler este texto, fique à vontade. Começam aqui as minhas reflexões sobre a vida, esse boteco e tudo mais. <br />Qual é a minha com esses palpites descompromissados sobre livros? É claro que a paixão conta e a tentativa de captar esta virtualidade tão psicopata, assustadora e deliciosa é fundamental. Mas o principal são os livros. O que eu gosto mesmo é de me derreter, roer as unhas, parar de respirar, torcer, querer que acabe logo. Ai. Eu gosto mesmo é dessa angústia de narrativa que só os livros me despertam. <br />E se a paixão faz crítica, eu não sei.<br />Até acho que não.Aline Diashttp://www.blogger.com/profile/07349974192065555020noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-655752935005752314.post-52191239680191955562009-09-07T23:45:00.007-03:002010-03-05T23:27:08.314-03:00O Pai do Sadismo<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRsclVzLsSArCLWt7yx8TEOZrB9q7WPoErTHGdGko6MoZcY8tvDGIh-5eT60w7Ictyza-brjkcRj7EzJf7IeIcXYFYZxS2YrweSnsAdc5jR0V5wKwsZypnVCISKBCZf4yTRJ2nBReKA7aA/s1600-h/quills.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5378923717186754274" style="FLOAT: right; MARGIN: 0px 0px 10px 10px; WIDTH: 226px; CURSOR: hand; HEIGHT: 320px" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRsclVzLsSArCLWt7yx8TEOZrB9q7WPoErTHGdGko6MoZcY8tvDGIh-5eT60w7Ictyza-brjkcRj7EzJf7IeIcXYFYZxS2YrweSnsAdc5jR0V5wKwsZypnVCISKBCZf4yTRJ2nBReKA7aA/s320/quills.jpg" border="0" /></a><br /><div>Ao contrário das místicas que faziam de seu corpo o instrumento de salvação divina, os libertinos, insubmissos e rebeldes, buscavam viver como deuses e, portanto, libertar-se da lei religiosa, tanto pela blasfêmia quanto por práticas voluptuosas da sexualidade. O exemplo de toda uma geração da descoberta do sexo no Iluminismo europeu, foi Donatien Alphonse-François, comumente conhecido como Marquês de Sade, o pai do sadismo.<br />Nasceu em Paris, em 1740, e durante toda a sua vida foi censurado por Napoleão II e pelo Clero sobre suas obras “perversas”. Depois de ser preso diversas vezes, o seu título de Marquês, (e com a ajuda da segunda mulher) lhe serviu para em vez de continuar na prisão, ir para o sanatório de nome Charenton, onde morreu em 1814, depois da autoflagelação e sodomia.<br />Enquanto estava em Charenton, escreveu uma de suas maiores obras chamada “Justine ou Os Infortúnios do Amor”, que foi vendido clandestinamente por toda França, sendo proibido logo em seguida por Napoleão II, o que não funcionou como previsto, uma vez que muitas cópias foram feitas mesmo antes de Napoleão as queimá-las em praça pública.<br />Na vida e na literatura o Marquês foi coerente. Se por um lado passou a vida em prisões, pagando por crimes de licenciosidade (que na verdade nunca ocorrera), perversões, violência sexual, etc, por outro lado legou à história uma obra ampla e complexa, testemunha de seu tormento sexual, estudado até nos dias de hoje pelos maiores psicanalistas, inclusive por sua qualidade inquestionável.<br />Escreveu entre outros livros “Diálogo entre um Padre e um Moribundo” (1782), “Os 120 em Sodoma” (1785), “Justine” (1788), Filosofia na Alcova (1795),“Os Crimes de Amor” (1800), “O Marido Complacente” (final do séc. XVIII), que ao contrário dos outros livros, é uma reunião de contos escritos com exímia técnica – uma característica do próprio – e uma amostra fiel de seu universo literário e totalmente pessoal.<br />Marquês de Sade escrevia contos “perversos” de maneira que demonstrava de certa forma, o que acontecia na França e na Itália (Veneza) na época, retratando um pouco em suas obras sua passagem pela Revolução Francesa. Sade é o puro hedonismo encarnado.<br />E é em São Paulo, na Praça Roosevelt no bairro da Consolação (praça muito conhecida por seus teatros e freqüentadores), no Teatro Espaço dos Satyros, que três obras de Sade foram adaptados para o teatro. Entre eles estão “Os 120 dias em Sodoma”, “Justine” e “Filosofia na Alcova”. O preço do ingresso não passa dos R$ 30,00. Estão em cartaz há um tempo razoável e não se sabe até quando continuam. Contam com a presença de ótimos atores e de acordo com a crítica as peças são um tanto fiéis aos livros. Por isso, um pequeno aviso, como já diria o ilustre Marquês: “Qualquer puritanismo, deixe-o, por favor, do lado de fora do teatro”.<br />Não só no teatro, mas se encontra Sade também no cinema, em “Os Contos Proibidos de Marquês de Sade”, (no título original, “Quills” de 2000), do diretor Philip Kaufman, e Geoffrey Rush no papel de Sade, fazendo um grande trabalho e também muito aclamado pela crítica. </div>Arielhttp://www.blogger.com/profile/11617349788869052395noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-655752935005752314.post-11277283815820173592009-08-21T15:54:00.003-03:002009-08-21T15:59:49.593-03:00Muito Soneto Por NadaÉ claro que o título me chamou a atenção. Mas se trata de um livro difícil de achar. Sabia que existia já tinha um tempo, mas eu mesma só peguei pra ler por tê-lo ganhado em um sorteio no <a href="http://twitter.com/viceverso">@viceverso</a>.<br />Então ele ficou encalhado lá em casa até eu resolver dar uma folheada e começar a ler soneto por soneto.<br />Aí aconteceu que eu finalmente consegui ler um livro de poemas inteirinho numa cajadada só.<br />São 50 sonetos para a musa Jose que tratam de flerte, conquista, amor, sexo e coca-cola.<br />Mas o interessante é que o autor, Reinaldo Santos Neves, é um romancista e se mostra poeta divertido e instigante.<br />Enfim, sempre gosto das coisas que o Reinaldo escreve.Aline Diashttp://www.blogger.com/profile/07349974192065555020noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-655752935005752314.post-1041165767834733552009-08-04T18:27:00.004-03:002009-08-06T12:55:40.250-03:00Poesia nas ondas do rádio<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYb8L8hbRH8N6UE4HXN5_U_Rij5n6ppi1r-cGVV6BAp2J3EtsxxaSEWTOHLuU1dmTKzcEAJ_TZ_q2qIfTyobGUsIs2HgQBvqKfjiV2PjtD2xghPF5R8myNRTYKpz71Nmtidi1x-JdqJ24/s1600-h/LOGO+-+VICE-VERSO_03.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 200px; height: 142px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYb8L8hbRH8N6UE4HXN5_U_Rij5n6ppi1r-cGVV6BAp2J3EtsxxaSEWTOHLuU1dmTKzcEAJ_TZ_q2qIfTyobGUsIs2HgQBvqKfjiV2PjtD2xghPF5R8myNRTYKpz71Nmtidi1x-JdqJ24/s200/LOGO+-+VICE-VERSO_03.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5366223762633661090" border="0" /></a><br />No dia 5 de agosto (amanhã), estreia o programa Vice Verso, uma experimentação que pretende levar mais música e poesia para as ondas do rádio. O programa irá ao ar na Rádio Universitária 104.7 toda quarta-feira, às 20 horas, sob o comando do estudante de comunicação Ítalo Galiza e da estudante de letras Jamille Ghil.<br /><br />Segundo Galiza, o programa veio da proposta de levar para o rádio a relação entre música e poesia de maneira performática e resignificadora. “Poesia foi feita para ser ouvida. E muitas pessoas apenas leem. Além do que, outros consideram poesia algo chato ou difícil de entender”, conta.<br /><br />Jamille acredita que levar a poesia para o rádio é uma forma de popularizá-la. “Na verdade, a poesia está no nosso cotidiano, mas é tratada, muitas vezes, de forma elitizada e acessível apenas a quem pode comprar um livro”, explica a estudante.<br /><br />Ítalo ainda conta que o Vice Verso não foi inspirado em nenhum outro programa e que se trata de um espaço de valorização de artistas do estado e do país. Inclusive, o programa de estreia contará com a participação de dois atores, Welerson Grassi e Priscilla Queiroz, que farão junto com os apresentadores uma leitura radiofônica de um trecho da peça “O rei da Vela”, de Oswald de Andrade, durante o programa.<br /><br />O primeiro programa desta temporada será sobre a Tropicália. Segundo Jamille, o tema foi escolhido por ter sido esse um movimento cultural de experimentação, o qual reuniu música, poesia, teatro, artes plásticas, dentre outros. “A mistura de linguagens carácterística da Tropicália tem muito a ver com a proposta do Vice Verso”, explica.<br /><br />A escolha dos temas do programa passa por várias etapas, que incluem pesquisa teórica e de áudio e a preocupação com o interesse público do assunto. Ítalo ainda afirma que cada programa segue uma linha diferente na hora de montar o roteiro,“nossa intenção não é fazer um programa didático, mas sim, mostrar a visão poética sobre determinado assunto”, conclui.<br /><br />Para o diretor da Rádio Universitária, Leonardo Lopes, o Vice Verso é um programa de vanguarda que possibilita uma experiência inovadora não só para a Universitária, mas para o Rádio em geral.<br /><br />O Vice e Verso começou como um quadro de meia hora que ia ao ar uma vez por mês dentro do programa Bandejão 104.7 e já abordou, por exemplo, o rap como manifestação poética e os textos do poeta Casé Lontra Marques.<br /><br /><br />E para ouvir: www.universitariafm.com.brAline Diashttp://www.blogger.com/profile/07349974192065555020noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-655752935005752314.post-77259338014526916792009-07-24T18:35:00.005-03:002010-01-06T15:38:17.100-02:00O canto da Sereia<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://www.skoob.com.br/img/livros_new/1/3248/O_CANTO_DA_SEREIA__UM_NOIR_BAIANO_1231352742P.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 200px; height: 307px;" src="http://www.skoob.com.br/img/livros_new/1/3248/O_CANTO_DA_SEREIA__UM_NOIR_BAIANO_1231352742P.jpg" alt="" border="0" /></a><br />Uma cantora baiana é assassinada em plena terça-feira gorda em cima de um trio elétrico e pára o carnaval da Bahia. Esse é o ponto de partida do romance de estréia do jornalista Nelson Motta, O canto da Sereia. Além de ter um ritmo gostoso e a leitura ser extremamente fácil, o livro também tem um final previsível.<br />Ainda assim, vale à pena ler do começo ao fim e degustar as boas sacadas do narrador Augustão, um detetive gordo que não vive sem sexo, maconha e cerveja e também ataca de jornalista policial. Cabe a ele desvendar a morte da estrela que dá nome ao livro: Sereia Maria de Oliveira.<br />Não vale esperar nada de extraordinário, quando eu quero um suspense intrigante que não me revele seu final logo de cara, procuro Arthur Conan Doyle.<br />Acontece que Sherlock Holmes não tem o sotaque baiano e não fala tão bem do que vemos todos os dias nos noticiários e programas de auditório.<br />O bom d'O canto da Sereia é justamente o fato de ser tão palpável que parece realidade romanceada.Aline Diashttp://www.blogger.com/profile/07349974192065555020noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-655752935005752314.post-60014858668218179922009-07-20T16:37:00.002-03:002009-07-20T17:03:03.962-03:00A Longa História<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/_oKwEQwcM0B0/Sd6qrSOtg1I/AAAAAAAAATY/iOMmiZiGVFE/s400/bert_longa_hist.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 200px; height: 298px;" src="http://3.bp.blogspot.com/_oKwEQwcM0B0/Sd6qrSOtg1I/AAAAAAAAATY/iOMmiZiGVFE/s400/bert_longa_hist.jpg" border="0" alt="" /></a><br />Quem consegue parar depois que começa a contar uma história? - Pergunta a epígrafe que abre <i>A Longa História</i>, de Reinaldo Santos Neves, publicado em 2007 pela Bertrand Brasil.<br />Quem consegue parar depois de começar a ler uma boa história? - Pergunto eu, que não saí de casa, não fiz almoço e só parei pra dormir e trabalhar depois que comecei a me embrenhar por esta espantosa fábula.<br />É claro que eu já tinha ouvido elogios por todos os lados antes de pegar o livro emprestado com a Brunella. E é claro que ela demorou um tempo para me emprestar o dito cujo. Também não pretendo ficar eternamente com a cópia dela, mas comprar a minha.<br />O leitor mais econômico vai me perguntar por que, raios, eu quero comprar um livro que já li inteirinho, de cabo a rabo e coisa e tal. E eu vou responder que foi caso de empatia absurdamente grande, eu e o livro. Todas as vezes que eu ameaçava xingar o autor dizendo que já bastava daquilo e que estava na hora de um outro rumo a história mudava. Acabava-se aquele tormento e criava-se um tormento novo.<br />Outra coisa estranha é eu ter simpatizado um bocado com o protagonista, um monge chatíssimo que nunca quer cair em qualquer tentação. Se por um lado, aquela figura tão pura, firme e devota me irritava justamente pela firmeza; por outro, a mesma figura parecia tão próxima e tão humana que eu não tinha como condená-lo. Grim, o protagonista da Longa História, é um herói sem qualquer cara de herói, mas bastante coerente.<br />Mas minha predileção foi pela mocinha Lollia, que não tinha nada de pura ou de princesa, a não ser talvez os pés. Um tanto oposta a Grim, era ela quem dava um sabor acalourado a história e me surpreendia a todo tempo com sua figura que tanto me lembrava as musas dos poemas barrocos.<br />Lollia era branca de cabelos negros e um desses anjos belíssimos que não guardam, mas tentam o monge protagonista.<br />Mas não são apenas esses dois que fazem a história. Há um grande conjunto de pequenas histórias e ótimos personagens. Tempestades em mar e encontros em terra.<br />Tudo gira em torno da busca por uma história. <i>A Longa História</i>, escrita por Posthumos de Broz, que deve ser transcrita para que a Condessa de Kemp possa conhecê-la antes de morrer. Esta tarefa deve cumprir Grim, um monge copista com nome de contador de história, junto com vários companheiros que formam a Confraria da Condessa. Acontece que, para tento, eles tem que atravessar duas mil milhas e convencer Posthumos a falar. Sim, por que o monge que detém o tesouro-história fez um voto de silêncio que não pretende quebrar.<br />Mas a Condessa acredita que Posthumos há de quebrar o voto para contar-lhe a história, afinal de contas, os dois são irmãos da mesma dor. Ambos possuem uma fístula no ânus.Aline Diashttp://www.blogger.com/profile/07349974192065555020noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-655752935005752314.post-59370215079870504822009-07-08T14:35:00.008-03:002009-09-08T00:08:21.941-03:00Tristessa<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiS_UcUcfHN__IOARtRi9So8-DAJts8RFhDOjBijLss_fE9GNG_zomuQzDuCywvY_BDCj582S0rA2sit7z9nU1mDnTApjAAk-CxdBk4xtSIQ5Blxqia6kTRoZrYCK11kZXZ0Vnr1rHbFNh_/s1600-h/tristessalg.jpg"><img style="MARGIN: 0px 0px 10px 10px; WIDTH: 237px; FLOAT: right; HEIGHT: 320px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5356144955623573762" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiS_UcUcfHN__IOARtRi9So8-DAJts8RFhDOjBijLss_fE9GNG_zomuQzDuCywvY_BDCj582S0rA2sit7z9nU1mDnTApjAAk-CxdBk4xtSIQ5Blxqia6kTRoZrYCK11kZXZ0Vnr1rHbFNh_/s320/tristessalg.jpg" /></a><br /><div>Jack Kerouac é um viagra no <em>feeling</em> do leitor. Não é a toa que existem tantos malucos por ai, que "o seguiram" em <em>On The Road</em> - um desses malucos não é ninguém menos que Bob Dylan.</div><div>Em <em>Tristessa</em>, isso fica ainda mais evidente, por mais que a leitura exija um pouco mais de entendimento no Budismo. Ele deixa claro o que pensa, sempre nas entrelinhas.</div><div>As vezes um tanto "Tarantino", os diálogos de Kerouac são magníficos em <em>Tristessa</em>. Tanto nos diálogos do personagem como no dele com o livrinho em que escrevia. As vezes você pode imaginá-lo debruçado em algum lugar discutindo teorias completamente loucas com um pedaço de papel - a caneta é o porta voz, o tradutor de Kerouac.</div><div>Além de ser baseado numa história "quase real", em que Jack se apaixona por uma índia mexicana, viciada em morfina, que trabalha como prostituta na Cidade do México, <em>Tristessa</em> é um bom exemplo da prosa poética do autor. Dos detalhes do humor de Tristessa, às barraquinhas de temperos e comidas mexicanas, os ricos detalhes da prosa ficando cada vez mais real e palpável a cada frase completada. O narrador entra dentro de cada personagem, mas nunca os deixando fazer-lhe a cabeça de alguma forma, descrevendo com compaixão cada sofrimento e movimento de sua amada e dos estranhos a sua volta. </div><div>Um romance triste, melancólico e intenso. Nada mais Kerouac. <blockquote></blockquote><em>"Capa de Tristessa em versão norte-americana."</em></div><div></div><div><blockquote></blockquote></div>Arielhttp://www.blogger.com/profile/11617349788869052395noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-655752935005752314.post-70275496089432047912009-06-08T17:07:00.001-03:002009-06-08T17:09:58.326-03:00Da morte. Odes mínimas<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://www.livrariamelhoramentos.com.br/produtos/8525036471_g.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 150px; height: 258px;" src="http://www.livrariamelhoramentos.com.br/produtos/8525036471_g.jpg" alt="" border="0" /></a>O todo, sem a parte, não é todo. A parte, em si, já é um todo. Em qualquer parte, Hilda Hilst sempre fala com a morte no livro Da morte. Odes mínimas, de 1980.<br />Desafiador e instigante, o livro é composto de poemas bem trabalhados, aquarelas e dualidades. O título já sugere muito. Odes são canções, poemas longos, entusiasmados e de fôlego direcionados a alguém ou algo. Neste caso, as odes são mínimas e compõe um todo espetacular. Um livro monotemático que não se repete.<br />Há formas distintas de tratamento do tema: o medo, o erotismo, a curiosidade, a vontade, o desafio e o pedido. Mas a questão que intriga ao leitor é por que a autora se direciona justamente à morte?<br />Não se trata, no livro, de uma personagem bonita e atraente como no filme <span style="font-style: italic;">All that jazz</span>, de Bob Fosse, em que a morte aparece vestida de branco e seduz o protagonista. Também não é a morte um jogador de xadrez aterrorizante e calculista, como no filme<span style="font-style: italic;"> O Sétimo Selo</span>, de Igmar Bergman. A morte, para Hilda Hilst, é este substantivo abstrato que parece tão concreto que caminha lado a lado com o eu-lírico. Mistura-se no corpo do leitor e pesa com muito pesar.<br />O eu-lírico, que parece ser mesmo Hilda, assume quase no fim que não compreende a morte, apenas tenta somar o corpo dela ao seu pensamento. Assim, a composição segue desafiadora. Abstrata, a morte não tem um corpo. Entretanto, a escritora verte a morte em coisa viva o texto todo.<br />Talvez quisesse concretizá-la, defini-la, por fim a ela e torná-la palpável para talvez aceitá-la como inevitável.Aline Diashttp://www.blogger.com/profile/07349974192065555020noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-655752935005752314.post-24816358898212521772009-05-27T13:09:00.006-03:002009-05-27T13:17:15.740-03:00Campo de Ampliação<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMm-uLqXIf2-02zEyohomBjQajZ5DTZ3N1NZwEfLrULu28B0x5qZ6pKPxRVgLiKrjJsJfzAfs2mnnhFrEw00RSfmXOMX39yOBFm01zNorL7mpgMGigiCEkgTtKbHIZj2wbSME0g9R9-DE/s1600-h/capa+-+campo+de+amplia%C3%A7%C3%A3o.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 186px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMm-uLqXIf2-02zEyohomBjQajZ5DTZ3N1NZwEfLrULu28B0x5qZ6pKPxRVgLiKrjJsJfzAfs2mnnhFrEw00RSfmXOMX39yOBFm01zNorL7mpgMGigiCEkgTtKbHIZj2wbSME0g9R9-DE/s320/capa+-+campo+de+amplia%C3%A7%C3%A3o.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5340538538505190642" border="0" /></a>Na próxima semana, o poeta Casé Lontra Marques lançará seu segundo livro, Campo de ampliação, pela editora Lumme. O lançamento será durante o Simpoesia, evento internacional de poesia que acontece do dia 4 ao dia 7 de junho na Casa das Rosas, em São Paulo.<br />O livro já pode ser comprado pela internet, no <a href="http://www.livrariacultura.com.br/" target="blank">site da Livraria Cultura</a>, e estará à venda, em Vitória, a partir do dia 8 de junho, na Livraria Leitura.<br />Casé Lontra Marques foi um dos destaques do ano passado com a publicação de seu primeiro livro, Mares inacabados. Além de ter sido elogiado por críticos literários consagrados, como Bella Josef (professora da UFRJ), o livro recebeu Menção Honrosa no Concurso Cidade de Belo Horizonte 2007, categoria Poesia – Autor Estreante e esteve entre os indicados ao prêmio Omelete Marginal na categoria Literatura.<br />Como em Mares inacabados, o poeta prima pela intensidade nos três textos que compõem Campo de ampliação. Três poemas longos dotados de um fôlego belíssimo.<br />Segundo Casé, os primeiros versos do livro lançam uma proposta de escrita. Estilhaços temáticos na procura de um rosto multiplicado por uma profusão de prismas.<br />Para ele, a poesia faz parte do seu corpo. Talvez por isso versos tão densos e fluentes, como pulmões, ossos, infecções e nervos.<br />No prefácio, a escritora e professora da UFMG Maria Esther Maciel fala que o livro compõe-se de três poemas longos e porosos. E parece ser isso mesmo. Poemas tão palpáveis e incômodos quanto o suor que jorra dos poros e se mistura à pele do leitor.<br /><br /><a href="http://www.maresinacabados.wordpress.com/" target="blank">Mais textos de Casé Lontra Marques.</a>Aline Diashttp://www.blogger.com/profile/07349974192065555020noreply@blogger.com2