quarta-feira, 27 de maio de 2009

Campo de Ampliação

Na próxima semana, o poeta Casé Lontra Marques lançará seu segundo livro, Campo de ampliação, pela editora Lumme. O lançamento será durante o Simpoesia, evento internacional de poesia que acontece do dia 4 ao dia 7 de junho na Casa das Rosas, em São Paulo.
O livro já pode ser comprado pela internet, no site da Livraria Cultura, e estará à venda, em Vitória, a partir do dia 8 de junho, na Livraria Leitura.
Casé Lontra Marques foi um dos destaques do ano passado com a publicação de seu primeiro livro, Mares inacabados. Além de ter sido elogiado por críticos literários consagrados, como Bella Josef (professora da UFRJ), o livro recebeu Menção Honrosa no Concurso Cidade de Belo Horizonte 2007, categoria Poesia – Autor Estreante e esteve entre os indicados ao prêmio Omelete Marginal na categoria Literatura.
Como em Mares inacabados, o poeta prima pela intensidade nos três textos que compõem Campo de ampliação. Três poemas longos dotados de um fôlego belíssimo.
Segundo Casé, os primeiros versos do livro lançam uma proposta de escrita. Estilhaços temáticos na procura de um rosto multiplicado por uma profusão de prismas.
Para ele, a poesia faz parte do seu corpo. Talvez por isso versos tão densos e fluentes, como pulmões, ossos, infecções e nervos.
No prefácio, a escritora e professora da UFMG Maria Esther Maciel fala que o livro compõe-se de três poemas longos e porosos. E parece ser isso mesmo. Poemas tão palpáveis e incômodos quanto o suor que jorra dos poros e se mistura à pele do leitor.

Mais textos de Casé Lontra Marques.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Que loucura, Woody!



"A loucura é relativa. Quem pode definir o que é verdadeiramente são ou insano?"

Mais uma obra-prima cheia de adultérios, é "Que loucura!", (Side Effects), publicado em 1980, época que Woody Allen já era um artista aclamado, tendo dirigido inúmeros filmes, entre eles "Annie Hall", vencedor de quatro Oscar em 1977. Mas o livro, com 17 textos humorísticos, também é testemunha do início de sua carreira, época que ele fazia o que nós chamamos hoje de Stand Up.

O livro trás textos em que Allen mistura filosofia, psicanálise, história, muito humor e muito, mais muito adultério, claro, onde escreve sobre a neurose moderna, que é sua principal característica.

Não preciso nem dizer que o livro é perfeito para quem adora dar risada da esquizofrenia alheia. Woody Allen faz analogias inteligentes e até coloca Madame Bovary no meio, contando a história de um homem que por mágica aparece dentro da história de Flaubert, onde rouba Bovary pra si, leva pra Nova York e lá vivem um romance secreto, depois de apresentar o futuro para a moça. Em outro texto, ele vive Sócrates que filosofa nos seus últimos dias de vida, antes de ser obrigado a suicidar-se. E, além disso, com o texto "Como quase matei o presidente dos Estados Unidos", ironiza os vários filmes na época voltados ao principal e nada criativo tema de ter sempre alguém querendo a matar o homem mais poderoso do mundo.

Com o estilo que só ele tem, Woody Allen dá voltas na história, brinca com o tempo e as principais neuroses das "pessoas comuns", como ele gosta de falar, e faz mais uma bela obra humorística das mais inusitadas situações e facetas dos mesmos. Toda a delícia e inteligência dos filmes em um livro que vai além dos limites da sua imaginação.

sábado, 23 de maio de 2009

Anais Nin - Feminismo, Sexo, Miller e Incesto.


Era uma vez uma menina de 12 anos, que nascera na França, e um dia resolveu escrever diários. Depois de um tempo, quando seu pai abandonou sua família, todos se mudaram pra Nova York, onde ela estudou literatura nas melhores escolas. Seus diários são mundialmente conhecidos. Seus amores invejados. Suas experiências sexuais e amorosas, sem comparação. O amor por um grande homem e o desejo pelo pai.

Precursora feminista francesa, só não superando Joana D'Arc. Esta é Anais Nin. Uma das mulheres mais fascinantes da literatura erótica francesa, uma aprendiz de Marquês de Sade, só que com o vocabulário fresco e torto de uma verdadeira dama. Uma das únicas escritoras que resolveu mostrar ao mundo da primeira e segunda Guerra Mundial, que a mulher também tinha sexualidade, que também tinha prazer, também gozava e gostava literalmente de meter.
Casada 2 vezes e primeiro com Hugo, depois com Rupert. Na maioria dos seus diários, Hugo é o amor de sua vida, mas não consegue se manter longe do amor de Henry Miller. Sim, um dos maiores escritores norte americanos de literatura erótica, teve um envolvimento louco e um tanto conturbado com Anais, além de June, na época a mulher de Miller, com quem ela se envolve e apaixona, tendo seu primeiro contato com o lesbianismo, que ela descreve lindamente em "Henry & June".
Ademais, seus envolvimentos com o primo Eduardo e o que entrou para a história e virou a continuação de "Henry & June", o livro "Incesto", que conta como Anais conheceu o pai, Joaquin Nin, e teve com ele um caso de incesto. Mais que sexo, a paixão e o amor que ela descreve ter pelo pai, algo impensável na nossa sociedade.

O mais intrigante, é que Anais faz as coisas mais "macabras" aos nossos olhos do séc. XXI e nem assim ela consegue se vulgarizar. É uma das únicas mulheres que escreveu livros e mais livros sobre a sexualidade feminina, escrevia palavras de baixo calão e nunca deixando de ser suave, fina, clássica e sensual.
É tão fascinante, que qualquer mulher se vê em Anais. É quase surreal a maneira de ela provar por A+B que nós somos todas iguais quando se trata de sexo. Até a mais católica das mulheres consegue se ver em seus livros e diários. É incrível como ela deixa a situação mais vulgar em algo totalmente pleno e delicado, intocável, de porcelana.

Antes de qualquer crítica arrasadora, qualquer julgamento precipitado, tente ler como ela explica todas as situações que ela se encontra. Ela te convence que ter relacionamentos fora do casamento, ou até transar com o próprio pai, tem um quê de beleza que raramente se vê. Ela mostra toda essa beleza nas entrelinhas.

Entre as obras de Anais, estão os diários e os livros "A casa do Incesto", "Delta de Vênus", "Passarinhos" e "Uma espiã na casa do amor".
Se vale a pena ler? Só tenho a comentar que, eu sou uma das muitas mulheres que virou escrava dessa outra. E adora, de todo coração, suas investidas penetrantes e ardentes. Simplesmente indescritível.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Hilda, Hilda, onde está você?


Ultimamente entrei numas de tentar fazer crítica literária. Estou cursando uma disciplina no Departamento de Linguas e Letras e tudo o mais.
O primeiro trabalho entregue foi sobre Bandeira, analisei "Não sei dançar". Agora, lanço-me a vôos mais altos.
Acontece que na Biblioteca central da Ufes não tem nadinha nadinha sobre Hilda Hilst. Procurei livro por livro da bibliografia indicada no fim de "Da morte. Odes mínimas" e nada.
Quer dizer, dois livros escritos por um professor da Ufes constavam no site, mas no papel que é bom - nada. Revirei estantes, se vocês querem saber. Fiquei lá por longos minutos varrendo poeira e tentando - em vão - encontrar alguém que me falasse de Hilda.
Então falo eu.
Por que "Da morte. Odes mínimas", é um belíssimo livro de poemas que merece ser garimpado e relido por quem quer que o encontre. Trata-se de sensualidade, medo, desafio, dor e uma vontade estranha de um encontro com a morte.
Transcrevo:

"Demora-te sobre minha hora.
Antes de me tomar, demora.
Que tu me percorras cuidadoa, etérea
Que eu te conheça lícita, terrena

Duas fortes mulheres
Na sua dura hora.

Que me tomes sem pena
Mas voluptuosa, eterna
Como as fêmeas da Terra.

E a ti, te conhecendo
Que eu me faça carne
E posse
Como fazem os homens."

Preciso invetigar os versos com cuidado. Ver a métrica de tudo e saber or que os homens se fazem carne e posse e de onde vem essa coisa de ser como um homem na pra de conhecer a morte.
Por que a hora seria dura para a morte? E por que a morte tem que ser uma mulher forte? E se é mulher, como é que toma percorrendo sensualmente e por que Hilda tem de ser o homem?


quarta-feira, 6 de maio de 2009

Don Juan


Eu também acho muito bonita a imagem do Joohny Depp. Inspiradora, inclusive. Mas a história de Don Juan de Marco, o filme, não é a mesma de "Don Juan", a peça de Molière.
A peça não é um drama e Don Juan não é um mocinho. Trata-se de uma comédia inteligente que traz como protagonista um vilão autêntico, sem qualquer escrúpulo. Ele corrompe todas as mulheres que toca, mente, joga charme e lida com todas as situações usando a sua inigualável lábia.
Um de seus credores solta a ótima máxima: "Eu preferia que ele me tratasse pior e me pagasse melhor". Don Juan usa mesmo de muita educação para destilar terceiras e quartas intenções.
A tradução que li foi feita por Millôr Fernandes para a L&PM Pocket. A mesma versão esteve em cartaz trazendo Edson Celulari no papel do conquistador.
Pra quem fica só na leitura, vale saber que é simples e arranca gargalhadas de qualquer um que seja capaz de imaginar as cenas.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Henry & June

Alguns livros são espelhos. Nesses, me perco e me descubro aos poucos e sempre dolorosamente. Amanheci e adormeci confessional e nova. Meus pedaços estão todos afetados pela narrativa íntima de um diário.
Tenho lido compulsivamente e repetidamente os diários não expurgados de Anaïs Nin. Henry e June é o livro mais conhecido da autora, trata-se de trechos dos seus diários escritos entre o fim de 1931 e 1932.
Primeiro, me senti invasiva sabendo que leio o diário de uma mulher do século vinte. Depois, me senti Alaíde abrindo o baú de Madame Clessi.
Esse diário foi publicado apenas depois da morte do último personagem vivo, Hugo, marido de Anaïs. Me disseram que esses diários são melhores que os romances dela. Não li. Não sei.
Eu só sei que continuo envolvida por escritos densos diários que me botam à prova.