sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Nelson no bar com a gente

Cheguei no bar em êxtase.
- Danilo! Terminei o livro com as peças do Nelson.
- E agora, como é que você está se sentindo?
- Muito mais adúltera do que antes. E olha que eu estou solteira.
- Certo.
- Quer dizer, adúltera não. Eu sou honestíssima!
- Sei. Viúva, porém honesta.
- Olha aqui. Eu sou praticamente um Joice de "O anti-Nelson Rodrigues".
- Sim. Você é uma moça de família!
- Eu ia falar Lídia, mas aí eu lembrei que ela foge com o motorista e eu juro que esse não era o destino que eu queria pra mim.

* De fato, a conversa existiu. Numa sexta-feira de carnaval *

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

A Grande Arte


Foi assim: um flerte completamente ao acaso. Pensei no nome que tinha ouvido alguma vez e pouco depois meus olhos pousaram magicamente no mesmo nome. Vieram mil coisas sobre soncronicidade, coincidências e signos do zodíaco à minha cabeça.

Passou logo. Eu estava num sebo e era natural que eu encontrasse aquele livro ali. Dei uma enrolada, mantive-o na minha bolsa por algumas horas. Não tinha pressa.

Acontece que foi só começar que eu não pude parar. Engoli o livro sem dó em dois dias. Feito paixão de carnaval.

E foi isso mesmo. A Grande Arte, do Rubem Fonseca, foi a minha paixão deste carnaval. Não sei se pelo charme de Mandrake, o personagem principal - um advogado sedutor metido a detetive-, ou pelo enredo bem amarrado e cheio desses inesperados com substância. Posso ter me apaixonado também pela ausência de rodeios que afronta e corta, como as facas que guiam toda a história. Não sei.

Sei que me vi nas falas e no rosto das amantes todas de Mandrake e também nele. Queria descobrir o assassino que fez um P na cara de suas vítimas, duas prostitutas.

Foi então que o flerte me tomou tempo de sono e povoou meus sonhos. Fiquei arrebatada por muito pouco e sem qualquer rodeio. Não era óbvio o fim e nem dizia demais.


Quero mais Rubem Fonseca.

Com porrada.