segunda-feira, 20 de julho de 2009

A Longa História


Quem consegue parar depois que começa a contar uma história? - Pergunta a epígrafe que abre A Longa História, de Reinaldo Santos Neves, publicado em 2007 pela Bertrand Brasil.
Quem consegue parar depois de começar a ler uma boa história? - Pergunto eu, que não saí de casa, não fiz almoço e só parei pra dormir e trabalhar depois que comecei a me embrenhar por esta espantosa fábula.
É claro que eu já tinha ouvido elogios por todos os lados antes de pegar o livro emprestado com a Brunella. E é claro que ela demorou um tempo para me emprestar o dito cujo. Também não pretendo ficar eternamente com a cópia dela, mas comprar a minha.
O leitor mais econômico vai me perguntar por que, raios, eu quero comprar um livro que já li inteirinho, de cabo a rabo e coisa e tal. E eu vou responder que foi caso de empatia absurdamente grande, eu e o livro. Todas as vezes que eu ameaçava xingar o autor dizendo que já bastava daquilo e que estava na hora de um outro rumo a história mudava. Acabava-se aquele tormento e criava-se um tormento novo.
Outra coisa estranha é eu ter simpatizado um bocado com o protagonista, um monge chatíssimo que nunca quer cair em qualquer tentação. Se por um lado, aquela figura tão pura, firme e devota me irritava justamente pela firmeza; por outro, a mesma figura parecia tão próxima e tão humana que eu não tinha como condená-lo. Grim, o protagonista da Longa História, é um herói sem qualquer cara de herói, mas bastante coerente.
Mas minha predileção foi pela mocinha Lollia, que não tinha nada de pura ou de princesa, a não ser talvez os pés. Um tanto oposta a Grim, era ela quem dava um sabor acalourado a história e me surpreendia a todo tempo com sua figura que tanto me lembrava as musas dos poemas barrocos.
Lollia era branca de cabelos negros e um desses anjos belíssimos que não guardam, mas tentam o monge protagonista.
Mas não são apenas esses dois que fazem a história. Há um grande conjunto de pequenas histórias e ótimos personagens. Tempestades em mar e encontros em terra.
Tudo gira em torno da busca por uma história. A Longa História, escrita por Posthumos de Broz, que deve ser transcrita para que a Condessa de Kemp possa conhecê-la antes de morrer. Esta tarefa deve cumprir Grim, um monge copista com nome de contador de história, junto com vários companheiros que formam a Confraria da Condessa. Acontece que, para tento, eles tem que atravessar duas mil milhas e convencer Posthumos a falar. Sim, por que o monge que detém o tesouro-história fez um voto de silêncio que não pretende quebrar.
Mas a Condessa acredita que Posthumos há de quebrar o voto para contar-lhe a história, afinal de contas, os dois são irmãos da mesma dor. Ambos possuem uma fístula no ânus.

5 comentários:

Tom Coyot disse...

Eu não consigo parar , nem de ler....
No momentos estou lendo aprimeira parte de Incidente em Antares de erico virisso
Já estou perto do capitulo 50 e nem um pouco perto da metade do livre

será que esta hitória é longa?

www.twitter.com/tomcoyot

blog disse...

O livro é genial. Está longe de ser o melhor Reinaldo, mas isso não importa.
A retomada de um elemento medieval - uma história dentro de outra, que, por sua vez, remete a tantas outras, distintas - faz desse texto nosso Decameron dessexualizado.
Reinaldo é bom. Talvez o melhor por estas bandas.

Recomendo "A Ceia Dominicana" também. E, claro, "Malemort", que é sua obra-prima.

Bjo

Grijó

Tom Coyot disse...

Parece que o livre é bom mesmo

Anônimo disse...

Vou procurar por este título. Parace interessante.
Inté...

Tom Coyot disse...

LIVRE?