terça-feira, 13 de dezembro de 2011

A Casa dos Budas Ditosos

Se nas mil e uma noites Sherazade conta histórias para não morrer, algumas, inclusive, cheias de sacanagem, em “A casa dos budas ditosos” o que motiva a história é o contrário. A protagonista narradora que pode existir mesmo e ter ditado a história, ou não, resolve contar suas sacanagens porque sabe que vai morrer e acha justo dividir o legado. Para ela, a luxúria não é pecado, mas um dom divino que é sua missão na terra.
É este o mote da história e a forma como é contada, parecendo um monólogo, é o que faz ficar ainda mais interessante do que um mero amontoado de pornografias. A luxúria da protagonista tem método e o livro parece ter pretensões educativas. As sacanagens em si parecem coisa tão normal na vida da senhora que não ganham descrições detalhadíssimas. É tudo cru. Palavrões jorram, a linguagem é oral mesmo.
Curiosas são algumas inserções de comentários filosóficos, ideológicos e a pornografia sendo encarada como estilo de vida e forma de leitura de Platão, do feminismo, da política, da academia etc. Viver é foder, diz a protagonista, que faz questão de frisar que esta não é uma conclusão banal, mas uma tese confirmada por sua incursão exaustiva no assunto.
Se os desavergonhados se divertirão com a leitura, também se divertirão os envergonhados. Mesmo absolutamente pornográfico, o livro não é chulo.
Assinado por João Ubaldo Ribeiro com uma nota no começo que diz que a história lhe foi mandada por esta senhora de 68 anos que mudou os nomes e não quer se identificar, “A casa dos budas ditosos” é o volume referente à Luxúria da coleção “Plenos Pecados” e pode ser encontrado em qualquer sebo ou livraria.

Um comentário:

Anônimo disse...

Há uns oito anos atrás li esse livro e achei a cara da Bianca, ops, da Ariel. Engraçado ver ele aqui... ;)