terça-feira, 18 de novembro de 2008

Um livro para ser sentido: Paisagem sobre corpo em silêncio

Alertaram: “A capa diz muito. Perceba”. E é assim: branco, preto, formas geométricas simples, mas desfocadas e um pouco de vermelho que pode ser sangue ou paixão. Simplicidade, desfoque e vermelho permeiam o sétimo livro de poemas do Alexandre Moraes, “Paisagem sobre corpo em silêncio”, que será lançado na quinta-feira, dia 27 de novembro às 19 horas na Adufes, que fica no Campus de Goiabeiras da Universidade Federal do Espírito Santo(Ufes).

Como nos outros livros, Moraes escreve sobre temas como a cidade, o amor, a dor existencial, a dor social e o silêncio com olhos de quem vigia o mundo e inclusive se sente ligado à Clarice Lispector por conta disso.

No prefácio, escrito pelo também poeta e professor do Departamento de Línguas e Letras (DLL) da Ufes Wilberth Salgueiro, há um aviso que precisa ser levado em conta. “Cada leitor há de reconhecer, com mais ou menos precisão, a presença de Drummond (e como!), Chico Buarque, Caetano, Cabral, Graciliano, Guimarães, Cortázar, Dostoiévski, Bandeira, Baudelaire, Ana C., Clarice, Carrol, Marx, Pound etc. – porque cada um de nós tem um etc. particular(...)”.

Em “Paisagem sobre corpo em silêncio” há todos esses autores e um eu-lírico forte que narra e canta quase como se dançasse durante cada verso e cada frase com uma lâmina na mão. Nem um pouco inocente e ao mesmo tempo cheio de doçura, o professor do DLL da Ufes Alexandre Moraes faz o que quer nas linhas que se deu.
E no fim, há socos, choros e afagos cheios de beleza embaralhada como a capa. Paisagem, corpo e silêncio misturam-se em camadas de sentidos que tocam e arrepiam como a literatura deve ser. Como lâmina limpíssima.