quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Garota, Interrompida

"A única coisa que me salvou da loucura foi escrever", conta a escritora Susanna Kaysen, de Cambridge, Massachusetts, autora de dois romances, Asa, As I Knew Him e Far Afield, além de suas memórias, Girl, Interrupted.

Estamos em 1967 e Susanna Kaysen de 17 anos, é igual a quase todas as adolescentes norte-americanas da sua idade - confusa, insegura, lutando para entender o mundo em constante mutação à sua volta. Ela não se interessa pelos estudos, com exceção de literatura e biologia (que leva bomba duas vezes). Ao se concentrar em alguma tarefa, como os deveres da escola, frequentemente sua atenção é desviada e começa a esfregar os pulsos na borda da cadeira, mas para antes de se ferir seriamente. Tem vários namorados, e se encantou com um professor de inglês. Fica muito tempo pensando e imaginando a própria morte e, em uma ocasião, enfileirou 50 aspirinas sobre a mesa, engoliu uma por uma e foi até o supermercado. Desmaiou em frente ao açougue e foi levada ao hospital, onde esvaziaram seu estômago. Diante de uma garota assim, pensamos em terapia, ou em alguma atividade que realmente desperte seu interesse. Não cremos que seja caso para um hospital psiquiátrico. Mas em 1967, foi.
Neste livro de memórias, Susanna Kaysen fala dos quase dois anos que passou internada em um hospital psiquiátrico, de 1967 a 1968. Depois de uma consulta a um psiquiatra que nunca havia visto antes, este (após comentar que ela tinha uma espinha) sugeriu que ela se internasse em um hospital, para “um descanso”.
Ela foi posta em um táxi até o Hospital McLean, conhecido por ter “hospedado” famosos e criativos como, Sylvia Plath, James Taylor, Ray Charles e Robert Lowell, e não tão famosos cujas famílias pudessem pagar pela estadia. Como Susanna observa,

“Nosso hospital era famoso e havia abrigado grandes poetas e cantores. O hospital se especializou em poetas e cantores, ou será que os poetas e cantores se especializaram na loucura?”.

O livro não segue uma estrutura narrativa linear; são capítulos isolados, contando incidentes vividos ou testemunhados por Susanna, que nos mostram o cotidiano das internas, o relacionamento com enfermeiras e médicos e, no final do livro, um balanço que a autora faz de seu diagnóstico e do que é a doença mental, de como os psicólogos e psiquiatras têm uma abordagem diferente do paciente (segundo ela, os primeiros tratam a mente, e os últimos, o cérebro, interessando-se somente pelas reações químicas que acontecem lá).

Mais tarde, em 1999, o livro finalmente vira filme dirigido por James Mangold, e estrelando como Susanna Kaysen, Winona Ryder que diz ter se identificado com a autora, período que Ryder se internou numa clínica aos 20 anos. E rendendo à Angelina Jolie o Oscar de melhor atriz coadjuvante (que não era pra menos..!).

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Uma espiã na casa do amor


Eu sempre acreditei que existe o livro certo na hora certa. Então foi um acerto começar "Uma espiã na casa do amor", de Anaïs Nin. A protagonista Sabina sou eu e é você também.
A Ariel tinha razão quando disse que o que a Anaïs escreve toca qualquer mulher. Que nos convence das coisas mais impensáveis. Adultério parece aceitável e tudo.
Mas não é apenas uma questão de adultério. Sabina vive a revolução sexual do século passado.
O livro é a história dos questionamentos internos e da culpa e do conflito de uma mulher. Cada amor um galho e várias perguntas sobre o começo de tudo.
Sabina reflete sobre as marcas das coisas, sobre o lugar dela mesma em cada um desses amores. Sobre a paixão e a necessidade de não se fixar se fixando em todas as pessoas.
Vai ficando aos pedaços enquanto tenta ter lucidez para continuar.
Diz que é atriz e finge muitas coisas, tentando se encontrar e descobrir qual das Sabinas é ela mesma.
Tudo se incendeia e nada é muito certo.
A contra capa do livro diz que se trata de um mergulho na sensibilidade.
Talvez seja isso mesmo.
Talvez por isso a Anaïs consiga me arrancar um pedaço a cada linha e me fazer pensar em cada detalhe de mim mesma.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Histórias curtas para Mariana M


No fim das contas, é mesmo uma história de amor.
Criança, eu gostava mesmo de detetives. Em livros, me atentei pouco para as deduções. Não tem graça sempre saber de cara quem é o assassino – e comigo isso sempre acontece. Tentei Agatha Cristie, Sherlock Holmes, alguma coisa de Rubem Fonseca com seu ótimo Mandrake. Romance Noir. Até Nelson Motta – com um livro legal e pronto, nada muito aguçador de cérebros.
Sou dessas leitoras que gostam de porrada. Entretanto, sempre me imaginei detetive. Solucionanadora de casos com raciocínio brilhante. Todavia, não será possível seguir na profissão, nasci mulher.
Em Histórias curtas para Mariana M, Francisco Grijó nos apresenta um narrador anônimo de ares um tanto arrogantes que fala de sua Mariana e de Júlio Albani, outro homem com quem ela se envolve. O narrador vai morrer e declara não gostar de histórias policiais, mas apresenta assassinos, investigações e informações sobre tramas policialescas.
Passei metade do livro me perguntando por que um homem à beira da morte contaria uma história de um gênero que não gosta. No fim, descobri que estava sendo enganada e que ele mesmo brincava comigo todo o tempo. Sem dúvida, Histórias curtas para Mariana M é uma desesperada história de amor.

Aqui, um post do autor sobre o seu livro.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Over the Rainbow

Foi um pequeno detalhe. Tenho 5 versões de Over The Rainbow no computador. Então ele deduziu que eu gosto do Mágico de Oz e me deu o livro de natal.
Mesmo sem ler, eu já tinha gostado. Assisti ao filme algumas muitas vezes e tenho a biografia da Judy Garland.
Mas 'O Mágico de Oz', livro de L. Frank Baun, é ainda melhor que o filme. Algumas sacadas - como quando totó morde a bruxa má do Oeste e ela não sangra, por que ela era tão malvada que seu sangue já tinha secado há tempos - dão um tom cômico e o livro todo tem tom de aventura. Algumas passagens tiram mesmo o fôlego da gente, mas depois aparece algo de doce, algo de engraçado, algo de singelo.
É sim uma história infantil, mas é das boas. Das melhores. Dessas em que o poço de magia e invenção de coisas não parece ter fim.
Lembrei de 'A Longa História', que também conta uma viagem.
É isso. 'O Mágico de Oz' é uma história de viagem como tantas outras. Viagem em busca de coração, cérebro, coragem e volta pra casa.
O que me impressiona, afora a história que é mesmo muito legal, é como essas histórias de viagem sempre tem encanto. Busca pelo Santo Graal, tentar levar o anel para ser destruído...
Qual vai ser a próxima viagem?





E como não podia ser diferente, botei esse vídeo com um dos meus trechos preferidos do filme. Uma das minhas músicas preferidas.